Representações sociais das drogas e de seus usuários para grupos religiosos: contribuições para o cuidado de saúde e enfermagem

Publication year: 2020

Para se realizar o estudo das representações sociais das drogas e de seus usuários para grupos religiosos, adotou-se como objetivo: analisar as representações sociais das drogas psicoativas e dos seus usuários para grupos religiosos católicos, evangélicos, espíritas e para religiões de matriz africana no contexto dos templos religiosos.

Objetivos específicos:

descrever os conteúdos e a estrutura representacional dos grupos religiosos acerca das drogas psicoativas e dos seus usuários; discutir as representações sociais acerca das drogas psicoativas e de seus usuários para os diferentes grupos religiosos; discutir a influência dessas representações na inclusão da espiritualidade e da religiosidade nas práticas de cuidar. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, de abordagem de métodos mistos, sob a ótica das representações sociais, realizado entre 2017 e 2020 em templos religiosos católicos, evangélicos históricos, evangélicos pentecostais, evangélicos neopentecostais, umbandistas, candomblecistas e espíritas. Na primeira etapa do estudo, participaram 1.400 sujeitos, sendo 200 de cada religião, sendo 100 para cada termo indutor, que responderam à caracterização, à coleta de evocação livre e à escala de religiosidade para os termos “drogas” e “usuários de álcool e de drogas”. No segundo momento, foram realizados os testes de centralidade: testes mise-em-cause, choix-par-bloc e esquemas cognitivos de base. Nessa etapa, participaram 100 sujeitos de cada grupo religioso, com exceção para os esquemas cognitivos de base - nestes participaram 10 sujeitos de cada grupo social, totalizando 70 sujeitos. Os resultados demonstraram no termo indutor “drogas” que: o núcleo central para os católicos é a dependência; para os evangélicos históricos, é o vício e a dependência; para os evangélicos pentecostais, é a destruição e a dependência; para os evangélicos neopentecostais, é a ajuda; para os umbandistas, é a tristeza e a morte; para os candomblecistas, é a destruição e a doença; para os espíritas, é a doença. No termo indutor “usuário de álcool e de drogas”, foram encontrados os seguintes núcleos centrais para católicos: católico é ajuda, evangélico histórico é ajuda, evangélico pentecostal é vício e dependência, para evangélicos neopentecostais é ajuda, para umbandistas é ajuda, para candomblecistas é cuidado e doença e para espíritas é dependência. Na análise processual, os resultados demonstram as diferentes facetas das drogas e dos usuários de drogas para cada grupo religioso. Ao final do estudo, podemos constatar que enquanto a representação das drogas baseia-se na consequência da utilização, a representação do usuário baseia-se no cuidado. Desse modo, pode-se entender que os indivíduos dos grupos religiosos, no momento em que representam a droga e seus usuários, nos permitem pensar em um cuidado que privilegie as áreas religiosa e espiritual para além da doença.
In order to study the social representations of drugs and their users for religious groups, the objective was to: analyze the social representations of psychoactive drugs and their users for Catholic, Evangelical, African religions and Spiritist in the context of religious temples.

And as specific objectives:

describe the content and representational structure of religious groups about psychoactive drugs and their users; discuss social representations about psychoactive drugs and their users for different religious groups; discuss the influence of these representations on the inclusion of spirituality and religiosity in care practices. This is a study, descriptive and exploratory with a multimethod approach, from the perspective of social representations, carried out between 2017 and 2020 in Catholic religious temples, historical evangelicals, Pentecostal evangelicals, neo-Pentecostal evangelicals, Umbandists [umbandistas], candomblecists [candomblécistas] and spiritists. In the first stage of the study, 1400 subjects participated, 200 for each religion, distributed 100 for each inductive term, who responded to the characterization, the collection of free evocation and the religiosity scale for the terms drugs and alcohol and drug users. In the second moment, the centrality tests were performed: mise-in-cause [put-in-cause], choix-par-bloc [choice-by-block] and schémas cognitifs de base [basic cognitive patterns]. In this stage, 100 subjects participated for each religious group, with the exception of the basic cognitive schemes in which 10 subjects participated for each social group, totaling 70 subjects. The results showed in the term drug inducer the central core for Catholics is dependence, for historical evangelicals it is addiction and dependence, for Pentecostal evangelicals it is destruction and dependence, for neo-Pentecostal evangelicals it is help, for Umbandists it is sadness and death, for Candomblecists are destruction and disease and for Spiritists it is disease. In the term inducer user of alcohol and drugs, the following central nuclei were found for Catholics: Catholic is help, historical evangelical is help, Pentecostal evangelical is addiction and dependence, for neo-Pentecostal evangelicals it is help, for Umbandistas it is help, for Candomblecists it is care and illness, for spiritists it is dependence. In the procedural analysis, the results demonstrate the different facets of drugs and drug users for each religious group. At the end of the study, one can see that while the representation of drugs is based on the consequence of use, the user's representation is based on care. In this way, we can understand that individuals from religious groups, at the moment they represent the drug and its users, allow us to think about care that privileges the religious and spiritual area beyond the disease.