Materiais educacionais acessíveis – tradução para linguagem fácil e validação de folheto informativo de apoio à reabilitação respiratória

Publication year: 2022

Em Portugal a literacia em saúde é particularmente baixa em faixas específicas da população nomeadamente nas pessoas com baixa escolaridade e, dentro destas, nas pessoas com deficiência e incapacidade intelectual/cognitiva. A esta população, com evidentes dificuldades em aceder e compreender informações complexas, juntam-se as pessoas cuja língua materna não é o português como é o caso da população migrante. Torna-se, portanto, imperioso que toda a informação lhes seja fornecida de forma acessível. Os Enfermeiros de Reabilitação no âmbito do exercício na comunidade confrontam-se, muitas vezes, com esta realidade. Os materiais educacionais acessíveis são fundamentais para garantir a eficácia da componente educacional dos programas de reabilitação e pode assegurar a sua realização autónoma no domicílio.

Objetivos:

Traduzir para linguagem fácil um folheto informativo de apoio à Reabilitação Respiratória. Validar essa tradução em três grupos específicos.

Metodologia:

Utilizou-se uma metodologia de tradução e validação por rondas com recurso a um painel de consultores, selecionado por conveniência, que incluiu pessoas com deficiência e incapacidade intelectual/cognitiva, pessoas cuja língua materna não é o português e pessoas com baixa escolaridade. Foi, ainda, usado o software de Análise de Legibilidade Textual disponível online.

Resultados:

O painel de consultores foi constituído por 27 pessoas com média de idade de 35,6 anos. Relativamente à escolaridade, as pessoas cuja língua materna não é o português frequentavam o 1o ano do ensino superior, as pessoas com baixa escolaridade frequentam o 2o ciclo no ensino profissional e as pessoas com deficiência e incapacidade intelectual/cognitiva variam entre 1o ciclo (2), 2o ciclo (2) e ensino secundário (1). Nas sucessivas rondas verificou-se a necessidade de introduzir a explicação de palavras complexas que não podem ser substituídas nem retiradas como por exemplo termos técnicos, de reduzir frases longas, usar palavras mais simples e de usar um registo de língua informal para o leitor. Foram ainda substituídos os desenhos dos exercícios por fotografias da sequência dos movimentos. Da versão original para a final a análise da legibilidade textual baixou de nível 14 ‒ Média legibilidade, Dificuldade média, para nível 9 ‒ Alta legibilidade, Texto simples.

Conclusões:

Envolver as pessoas nos processos de criação de materiais educacionais acessíveis é reconhecido como boas práticas na promoção da Literacia em Saúde. Esta estratégia permitiu identificar as reais dificuldades e necessidades das pessoas a que a informação se destina. A componente educacional dos programas de enfermagem de reabilitação deve incluir toda a informação necessária de forma acessível tendo em consideração a população-alvo dos cuidados de Enfermagem de Reabilitação.
In Portugal, health literacy is somewhat low in the general population, and especially so in groups that have low literacy and, among these, in people with intellectual and cognitive impairments. This subgroup shows clear difficulties in accessing and understanding complex information, as well as people whose mother tongue is not Portuguese, as the case of migrants. It is then of the utmost importance that all information is given to them in accessible formats. Rehabilitation nurses often come across this reality when working within the community. The production of accessible educational materials is essential for guaranteeing the effectiveness of the pedagogy underlying rehabilitation programmes and for ensuring that patients repeat them autonomously at home.

Aims:

Translating into easy language an information brochure to support Respiratory Rehabilitation. Validating this translation with 3 different groups.

Methodology:

A methodology of translation was conducted, as well as validation in rounds that resorted to a group of consultants. This group was chosen for convenience and included people with intellectual and cognitive impairments, people speaking Portuguese as a foreign language and people with low literacy. The online software for the analysis of text readability was also used.

Results:

The group of consultants comprehended 27 people with an average age of 35.6 years. In terms of their schooling, people whose language is not Portuguese were attending the 1st year in higher education, people with low literacy attended the 2nd cycle of professional education and people with intellectual and cognitive impairments varied between the 1st cycle of Basic Education (2), the 2nd cycle of Basic Education (2) and secondary school (1). In the successive rounds, it was necessary to introduce the explanation of complex words that could not be neither replaced nor removed, such as technical terms, to reduce long sentences, use simpler words and use a direct language register. The drawings of the exercises were also replaced by photos illustrating the sequence of movements. Between the original version and the final one, the analysis of text readability dropped from level 14 – Medium readability, medium difficulty, to level 9 – High readability, simple text.

Conclusions:

Involving people in the process of creating accessible educational materials is regarded as a good practice in the promotion of Health Literacy. This strategy allowed to identify the real difficulties and needs of the people to whom information is directed. The educational component of pulmonary rehabilitation programmes ought to include all necessary information in accessible formats considering the target groups of pulmonary rehabilitation.