Trajetória de adoecimento da pessoa com doença renal crônica em tratamento hemodialítico
Publication year: 2021
A Doença Renal Crônica (DRC) é uma doença progressiva caracterizada pela presença de lesão renal e perda irreversível e gradativa da taxa de filtração glomerular. Os pacientes em hemodiálise vivem em condições particulares, necessitam ter acesso aos serviços de saúde, precisam controlar rigorosamente a dieta e o consumo de líquidos, possuem atividades laborais restringidas, além de poderem ter a diminuição de atividades físicas e perda da autonomia. O conhecimento sobre a trajetória da doença ou da trajetória da DRC é essencial para ajudar os pacientes e as famílias de forma eficaz a obterem sucesso nos esforços contínuos para o cuidado com a doença. O conceito de trajetória fornece uma maneira dos profissionais de saúde pensarem longitudinalmente e obter uma compreensão mais completa da natureza das doenças crônicas. O objetivo deste estudo consistiu em analisar a trajetória de adoecimento de indivíduos com DRC em tratamento hemodialítico. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva. O cenário do estudo foi um serviço de nefrologia localizado em Belo Horizonte. Os participantes do estudo foram 25 pessoas em hemodiálise, com tempo mínimo de um ano de tratamento e maiores de 18 anos. Foram utilizadas entrevistas semiestruturadas para coleta de dados e, para análise, a técnica de Análise de Conteúdo temática. A partir das narrativas construíram-se 3 trajetórios da doevfgnça. Cada trajetória incluiu oito fases da doença crônica de acordo com o modelo de Corbin e Strauss. As trajetórias revelaram que embora os problemas enfrentados pelos participantes do estudo fossem semelhantes, a evolução da doença não foi a mesma para todos eles, mas expuseram de forma clara as fragilidades dos serviços de saúde e dos profissionais que compõem a rede de assistência à saúde. Sofrem influências dos contextos de vida de cada indivíduo, além da própria natureza da doença. Evidenciaram, claramente, a necessidade de fortalecer a atenção básica como a porta de entrada dos usuários, a fim de reduzir as vulnerabilidades para a DRC. As trajetórias podem facilitar a construção de modelos de cuidado que incorporem abordagens de autogestão apoiada por profissionais de saúde, que poderiam atender melhor às necessidades daqueles que vivem ao longo do tempo com essa doença progressiva. O conhecimento sobre a trajetória da DRC mostra ser uma ferramenta útil que tem o potencial para aumentar a adequação das intervenções criadas para os pacientes.
Chronic Kidney Disease (CKD) is a progressive disease characterized by the presence of kidney damage and irreversible and gradual loss of glomerular filtration rate. Patients on hemodialysis live in particular conditions, need to have access to health services, need to strictly control their diet and fluid consumption, have restricted work activities, in addition to having reduced physical activity and loss of autonomy. Knowledge about the trajectory of the disease or the trajectory of CKD is essential to effectively help patients and families succeed in ongoing efforts to care for the disease. The trajectory concept provides a way for healthcare professionals to think longitudinally and gain a fuller understanding of the nature of chronic diseases. The aim of this study was to analyze the illness trajectory of individuals with CKD undergoing hemodialysis treatment. This is a qualitative, descriptive research. The study setting was a nephrology service located in Belo Horizonte. The study participants were 25 people on hemodialysis, with a minimum of one year of treatment and over 18 years of age. Semi-structured interviews were used for data collection and, for analysis, the thematic Content Analysis technique. From the narratives, 3 trajectories of the disease were constructed. Each trajectory included eight phases of chronic disease according to the Corbin and Strauss model. The trajectories revealed that although the problems faced by the study participants were similar, the course of the disease was not the same for all of them, but they clearly exposed the weaknesses of the health services and professionals that make up the health care network. They are influenced by the context of each individual's life, in addition to the nature of the disease. They clearly highlighted the need to strengthen primary care as the gateway for users, in order to reduce vulnerabilities to CKD. The trajectories can facilitate the construction of care models that incorporate self-management approaches supported by health professionals, which could better meet the needs of those who live with this progressive disease over time. Knowledge about the trajectory of CKD proves to be a useful tool that has the potential to increase the adequacy of interventions designed for patients.