Terapia compressiva: Conhecimentos e práticas dos enfermeiros dos cuidados de saúde primários

Publication year: 2020

Introdução:

Cuidar da pessoa com úlcera venosa constitui uma preocupação no quotidiano dos enfermeiros, por estas serem prevalentes e se tornarem tendencialmente crónicas e recorrentes, com grandes implicações no bem-estar e dia-a-dia da pessoa, traduzindo-se em elevados custos em saúde. Apesar da evidência científica indicar a terapia compressiva como uma medida custo-eficiente no tratamento de úlceras venosas, aumentando as taxas de cicatrização e a qualidade de vida da pessoa, verifica-se que esta não é amplamente implementada.

Objetivos:

Pretendeu-se identificar os conhecimentos e as práticas de terapia compressiva dos enfermeiros dos cuidados de saúde primários (CSP), relacionando-os com a sua experiência e formação, e identificar as barreiras que estes percecionam na sua implementação.

Metodologia:

Desenvolveu-se um estudo quantitativo, não-experimental, descritivo correlacional e transversal com uma amostra acidental de 173 enfermeiros dos CSP, aos quais foi aplicado um questionário com questões relativas aos conhecimentos e práticas de terapia compressiva e às barreiras percecionadas na sua implementação.

Resultados:

A formação em terapia compressiva é referida por 93,1% dos enfermeiros, contudo apenas 60,7% aplica terapia compressiva. Os enfermeiros com formação e prática em avaliar o IPTB aplicam mais a terapia compressiva e demonstram mais conhecimentos e melhores práticas. Por sua vez, os enfermeiros que sentem défice de formação aplicam menos a terapia compressiva e revelam menos conhecimentos. A média dos conhecimentos em terapia compressiva é de 54,7%, sendo relatados mais conhecimentos em quem a aplica e em quem tem autoformação. Verificaram-se boas práticas na implementação da terapia compressiva (média de 80,71%), contribuindo para melhores práticas o aumento dos conhecimentos em terapia compressiva (R2=0,161; p=0,00), sendo que os anos de experiência no tratamento de feridas crónicas estão relacionados com uma diminuição na pontuação das práticas. Os obstáculos à implementação da terapia compressiva são menos sentidos por quem a aplica, sendo, contudo, o défice de recursos materiais e financeiros e o défice de formação os mais sentidos.

Conclusão:

A terapia compressiva não é amplamente implementada, contudo os enfermeiros que a aplicam demonstram boas práticas e mais conhecimentos acerca da temática, revelando uma procura da excelência no cuidar da pessoa com úlcera venosa.