Reabilitação pós-operatória da pessoa com amputação do membro inferior por etiologia vascular: Que realidade?

Publication year: 2019

Enquadramento:

A amputação é um evento gerador de enorme sofrimento físico e psicológico para as pessoas, com significativas implicações familiares, sociais e económicas. Torna-se assim urgente apostar numa intervenção precoce de reabilitação e de medidas de prevenção secundária, sobretudo se houver doença arterial obstrutiva periférica.

Objetivo:

Caraterizar o acesso aos cuidados de enfermagem de reabilitação póscirúrgicos e avaliar os seus determinantes, em pessoas com amputação major do membro inferior, de etiologia vascular.

Material e métodos:

Estudo exploratório e retrospetivo, com 40 pessoas submetidas a amputação major no Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, com pelo menos 1 mês pós-operatório e etiologia vascular (amostra não probabilística, acidental). Foi aplicado um questionário para avaliação dos dados sociodemográficos, clínicos, reabilitação, adaptação ao domicílio e protetização, a independência funcional (índice de Barthel) e a qualidade de vida relacionada com o estado de saúde (EQ-5D). Foram utilizadas medidas de estatística descritiva e inferencial (testes não paramétricos).

Resultados:

Da amostra, 65% dos amputados regressou ao domicílio e 72,5% realizaram alterações no domicílio. As principais dificuldades sentidas reportaram-se aos cuidados de higiene, transferências e uso do sanitário. Constatou-se que 92,5% realizou reabilitação pós-operatória, mas apenas 47,5% iniciou a reabilitação durante o internamento. A taxa de protetização foi de 15%. Na alta, o nível de independência funcional era de 42,88, verificando-se um aumento gradual no pós-operatório.

Verificouse ainda:

quanto maior a idade, menor era o índice de independência; quanto maior a independência funcional no momento da alta, menor era o nível de dificuldade sentido no regresso ao domicílio. De destacar que são baixos os índices de qualidade de vida relacionada com o estado de saúde.

Conclusões:

Este estudo permitiu a identificação dos fatores que afetam o processo de reabilitação da pessoa com amputação, que certamente irão contribuir para a priorização dos cuidados, favorecendo a sua recuperação e um regresso a casa mais eficaz.