Perceção das mães quanto às necessidades e cuidados essenciais aos filhos internados num serviço de Cuidados Intensivos Pediátricos
Publication year: 2020
A hospitalização, especialmente em Cuidados Intensivos, quase sempre é considerada uma fatalidade na vida da criança e da família, pois é comum relacionar-se o internamento nestas unidades com a elevada probabilidade de morte. Sendo a enfermagem pediátrica particularmente sensível ao envolvimento dos pais nos cuidados, coloca a sua tónica no desenvolvimento do processo de parceria, a qual requer uma interação integral com a família. A consideração de outros saberes dos pais, para além de fortalecer as suas competências, traz benefícios para todos. Neste âmbito o estudo ?Perceção das mães quanto às necessidades e cuidados essenciais aos filhos internados num serviço de Cuidados Intensivos Pediátricos? tinha como objetivo compreender a natureza das experiências das mães e o modo como elas se relacionam com as práticas diárias de cuidados à criança e família. Recorreu-se, para tal, a um estudo de natureza qualitativa, tipo descritivo exploratório, com aproximação a uma abordagem fenomenológica. A colheita de dados foi realizada durante os meses de novembro e dezembro de 2018, mediante entrevistas pouco-estruturadas e em profundidade a 12 mães, elegidas de forma intencional, que acompanhavam os filhos internados em Cuidados Intensivos. Após uma análise de conteúdo temático, identificaram-se seis categorias temáticas: Cuidados prioritários às crianças, Necessidades prioritárias das crianças, Representação do papel de mãe, Representação dos cuidados profissionais, Aspetos valorizados das características do serviço e Experiências psico-emocionais negativas/conflitos. Evidenciou-se que as mães vivenciam o internamento do filho com muito stress, ansiedade e angústia. As mães esperançosas pela resolução do problema da criança, vendo que os filhos estão estáveis, que são bem cuidados, mesmo na sua ausência, sentem-se tranquilas. As mães querem acompanhar os filhos e colaborar nos cuidados de forma gradual, ganhando autonomia, sendo informadas de toda a situação clínica da criança. Apesar de algumas condicionantes do serviço, considerado de excelência, as mães referem atenção por parte da equipa, quer para si quer para os filhos, valorizando as competências técnicas e humanas dos profissionais. Com este estudo pretende-se dar um contributo importante para a prática de enfermagem refletindo relativamente à forma como os enfermeiros especialistas em Saúde Infantil e Pediatria abordam diariamente a criança e a família e os incluem no processo de cuidar, de acordo com as suas necessidades individuais, tendo em vista a melhoria da qualidade dos cuidados prestados.