Atitudes dos enfermeiros face à importância da família no processo de cuidar
Publication year: 2022
A relevância da família nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) tem vindo a evidenciar-se na implementação de políticas de saúde. É premente a preocupação e o compromisso de integrar as famílias nos cuidados de saúde, tendo em vista a promoção e manutenção da saúde familiar. A enfermagem familiar nos CSP tem vindo a ser valorizada e reconhecida, sendo o pilar dos cuidados de saúde ao longo do ciclo vital do ser humano (Pires, 2016). O enfermeiro de CSP surge como figura principal pela sua formação e dedicação, no estabelecimento de uma relação de proximidade, segurança e confiança entre o indivíduo/família e os serviços de saúde. Na perspetiva da continuidade de cuidados, a família surge tanto como contexto de prestação de cuidados, como fonte de suporte e recurso refletindo-se, a sua inclusão nos cuidados, na eficácia das intervenções de enfermagem (Tavares, 2017). Partindo desta premissa, considerou-se pertinente conhecer as atitudes dos enfermeiros face às famílias no processo do cuidar, o que se enquadra no domínio das funções do enfermeiro especialista em enfermagem de saúde comunitária na área de enfermagem de saúde familiar, e que conduziu ao presente estudo de investigação, através dos seus objetivos e do estágio desenvolvido na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Ansião (UCSPA). Após a caracterização do contexto da prática clínica de enfermagem de família no âmbito do estágio na UCSPA, é exposto o enquadramento teórico da mesma, as atividades desenvolvidas que permitiram a aquisição de competências do enfermeiro especialista na área de enfermagem de saúde familiar, e a prática especializada baseada na evidência, com o processo de investigação propriamente dito, seguido da discussão e explanação das conclusões encontradas. Neste projeto foi utilizado o método de investigação quantitativo, sendo um estudo descritivo, analítico e correlacional e que procurou determinar quais as atitudes dos enfermeiros de CSP face à importância da família no processo do cuidar, e ao mesmo tempo inferir acerca da influência que as variáveis sociodemográficas e profissionais têm nas atitudes dos enfermeiros face à família. O mesmo foi aplicado a um total de 30 enfermeiros que desempenham funções nos CSP. O instrumento utilizado foi um questionário constituído por questões sociodemográficas e profissionais e a Escala “Importância das Famílias nos Cuidados de Enfermagem – Atitudes dos Enfermeiros” (IFCE-AE), validada em 2009 para a população portuguesa por Oliveira et al. (2011). Os resultados obtidos evidenciaram a não existência de relação e associação estatística relevante em nenhuma das variáveis sociodemográficas e profissionais em estudo, exceto na variável unidade funcional onde exerce funções, nomeadamente nas dimensões Família como parceiro dialogante e recurso de coping (H=7,998; p=0,018) e Família como um fardo (H=8,997; p=0,011) em que se obtiveram valores de significância p<0,05; permitindo estabelecer relação entre a atitude do enfermeiro face à família e a unidade funcional onde exerce funções, em que as atitudes de maior suporte face à família dizem respeito aos enfermeiros que exercem funções na Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC). Nas conclusões do estudo, pode verificar-se que, de uma forma geral, os enfermeiros assumiam atitudes positivas e de suporte face à família apresentando um score médio total da escala de 84.7. Os cuidados de enfermagem terão necessariamente de ser centrados na família, o que obrigará a algumas mudanças de atitude por parte dos enfermeiros e a uma alteração das políticas e filosofia das unidades de saúde (Rodrigues, 2013).
The relevance of the family in Primary Health Care (PHC) has become evident in the implementation of health policies. There is an urgent concern and commitment to integrate families in health care, with a view to promoting and maintaining family health. Family nursing in PHC has been valued and recognized, being the pillar of health care throughout the human life cycle (Pires, 2016). The PHC nurse emerges as the main figure due to his/her training and dedication to establish a relationship of proximity, safety, and trust between the individual/family and the health services. From the perspective of continuity of care, the family emerges both as a context of care delivery and as a source of support and resource, and its inclusion in care is reflected in the effectiveness of nursing interventions (Tavares, 2017). Based on this premise, it was important to understand the nurses' attitudes towards families in the care process, which fits into the domain of the nurse specialist in community health nursing in the area of family health nursing, and led to this research study, through its objectives and the internship developed at the Personalized Health Care Unit of Ansião (UCSPA). After the characterization of the context of family nursing clinical practice within the internship at the PAHU, the theoretical framework of this practice is presented, as well as the activities developed that allowed acquiring the skills of specialist nurses in the area of family health nursing and evidence-based specialized practice, with the research process itself, followed by the discussion and explanation of the conclusions found. This project used the quantitative research method. It is a descriptive, analytical and correlational study that aimed to determine the attitudes of PHC nurses towards the importance of the family in the care process, and, at the same time, infer about the influence that socio-demographic and professional variables have on nurses' attitudes towards the family. This study was applied to a total of 30 nurses working in PHC. The instrument used was a questionnaire composed of sociodemographic and professional questions and the Scale "Importance of Families in Nursing Care - Nurses' Attitudes" (IFCE-AE), validated in 2009 for the Portuguese population by Oliveira et al. The results showed that there was no relevant statistical relationship and association in any of the sociodemographic and professional variables under study, except for the variable "functional unit", namely in the dimensions "Family as a dialogue partner and coping resource" (H=7.998; p=0.018) and "Family as a burden" (H=8.997; p=0.011) with significance values of p<0.05; allowing establishing a relationship between the nurses' attitudes towards the family and the functional unit where they work, where the nurses who work in the Community Care Unit (CCU) have the most supportive attitudes towards the family. The conclusions of the study show that, in general, nurses had positive and supportive attitudes towards the family, with a mean total score of 84.7. Nursing care must necessarily be family-centered, which will require some changes in nurses' attitudes and a change in the policies and philosophy of health care units (Rodrigues, 2013).