Envolver a família no cuidado à pessoa em situação crítica: Estudo em contexto de cuidados intensivos
Publication year: 2019
Em contexto de cuidados intensivos, a evidência científica tem mostrado que o envolvimento da família no cuidado à pessoa em situação crítica tem benefícios e potencializa a ligação entre doente, família e enfermeiro, promovendo proximidade, segurança e suporte emocional. A sua implementação é reconhecida como fundamental mas pouco concretizada, pelo que é relevante conhecer melhor esta temática.
Este estudo tem como objetivo geral compreender as práticas dos enfermeiros relativamente à promoção do envolvimento da família no cuidado à pessoa em situação crítica, em cuidados intensivos. É uma investigação exploratória descritiva, de natureza qualitativa, desenvolvida numa unidade de cuidados intensivos pediátrica, num Centro Hospitalar. A colheita de dados foi realizada por entrevista em grupos focais, em que participaram 26 enfermeiros.
O envolvimento da família no cuidado, na conceção dos enfermeiros, é importante e benéfico, sendo um processo contínuo e que exige ser trabalhado desde o primeiro contacto com a unidade de cuidados intensivos (UCI), pelo acolhimento e integração. O contacto com o ambiente de cuidados intensivos é influenciado por experiências anteriores ou pré-conceitos, pela situação de doença e/ou pelo contexto sociofamiliar. A UCI é considerada um ambiente amedrontador, tecnológico, dificultador da intervenção dos familiares, mas securizante. Envolver o familiar no cuidado à pessoa internada em cuidados intensivos é de possível implementação, tendo subjacente a prática dos enfermeiros e o uso de práticas e estratégias, com o intuito de avaliar, capacitar, negociar e informar os familiares, reforçando positivamente as suas ações, para que estes se sintam seguros e confiantes naquele ambiente.
Os enfermeiros utilizam práticas e desenvolvem estratégias para envolver a família no cuidado, no entanto importa que haja evolução a partir de um trabalho intencional na uniformização de práticas para a preparação da família para uma integração efetiva no contexto de UCI. Importa também que existam dotações de profissionais adequadas e suficientes assim como formação direcionada para a temática, promovendo uma prática de cuidados qualitativamente diferenciada.