Sentidos e práticas de mulheres com endometriose: à luz da Teoria das Representações Sociais
Publication year: 2017
Esta pesquisa teve como objeto as representações sociais da endometriose a partir das mulheres que vivenciam essa situação e utilizou como referencial teórico as Representações Sociais, teoria segundo Serge Moscovici.
Foram delineados os seguintes objetivos:
descrever as representações sociais das mulheres que vivenciam a endometriose sobre essa situação, analisar as implicações na saúde sexual e reprodutiva das mulheres a partir dessas representações e discutir as expectativas de vida frente à problemática endometriose. Para atingir tais objetivos, foram utilizados multimétodos associando uma abordagem qualitativa e quantitativa. As participantes, mulheres com idade igual ou acima de 18 anos e com o diagnóstico médico confirmado de endometriose, responderam o Teste de Associação Livre de Palavras (TALP) – 1a etapa da coleta de dados, que foram processados pelo software TriDeux. Elas responderam posteriormente o Perfil socioeconômico demográfico, história da vida relacional e ginecológica – 2a etapa da coleta de dados, que serviram para a criação de tabelas de variáveis com a caracterização das participantes. Ao todo, as duas etapas foram aplicadas em 125 mulheres, mas, em seguida, foi realizada a 3a etapa de coleta de dados, a entrevista semiestruturada, com 30 participantes. Depois de transcrever as entrevistas o material foi processado pelo software IRAMUTEq, onde obteve-se 77,32% de aproveitamento. Todas as participantes assinaram o TCLE, pois o estudo cumpriu as exigências da Resolução 466/2012 e foi aprovado pelo CEP através do número CAAE 49196615.7.0000.5238. Como resultado, a endometriose apresenta significativas repercussões em diversos aspectos que compõe a natureza de um indivíduo, tais como: vida social, emocional, econômica, religiosa e fisiológica. Apreendemos que as mulheres mais novas entendem a endometriose como algo pelo viés da corporeidade enquanto as mais velhas representam como uma doença que traz incapacidade. Para ambas há sensações de incompreensão, contudo, nas mais velhas, isto é reforçado devido à infertilidade. Inferimos que as representações sociais das mulheres que vivenciam a endometriose perpassam pelas dimensões afetiva, relacional (Classes 2, 1 e 3), dimensão atitudinal (Classe 1) e dimensões imagética e avaliativa. Analisamos que as implicações referentes à saúde sexual da mulher que vivencia a endometriose são através da proeminência da desigualdade de gênero e que a infertilidade é ancorada a um valor cultural e social, pois a gravidez é a representação do ser mulher e do funcionamento normal do corpo feminino. Concluímos que as expectativas que as mulheres criam acerca do futuro são pautadas na religiosidade e na fé. No desenvolvimento deste estudo, emergiram perspectivas de um novo entendimento em relação às mulheres que vivem com endometriose e, isso gerou a possibilidade de repensarmos a atuação e a prática do cuidado da enfermagem ginecológica.
This research had as object the social representations of endometriosis from the women who experience this situation and used as theoretical reference the Social Representations, theory according to Serge Moscovici.
The following objectives were outlined:
to describe the social representations of women experiencing endometriosis in this situation, to analyze the implications on the sexual and reproductive health of women from these representations and to discuss life expectancies in the face of endometriosis. To reach these objectives, multimethods were used, associating a qualitative and quantitative approach. Participants, women aged 18 years or older and with confirmed medical diagnosis of endometriosis, responded to the Free Word Association Test (TALP) - 1st stage of data collection, which were processed by TriDeux software . They later answered the demographic socioeconomic profile, history of relational and gynecological life - 2nd stage of data collection, which served to create tables of variables with the characterization of the participants. In all, the two steps were applied in 125 women, but then the third stage of data collection, the semistructured interview was performed, with 30 participants. After transcribing the interviews, the material was processed by the software IRAMUTEq, where it obtained a 77.32% of use. All participants signed the TCLE, since the study complied with the requirements of Resolution 466/2012 and was approved by the CEP through the number CAAE 49196615.7.0000.5238. As a result, endometriosis presents significant repercussions in several aspects that make up the nature of an individual, such as: social, emotional, economic, religious and physiological life. We find that younger women understand endometriosis as something by corporeality bias while older women represent a disease that leads to disability. For both there are sensations of incomprehension, however, in the older ones, this is reinforced due to infertility. We infer that the social representations of women experiencing endometriosis are affected by affective, relational (Classes 2, 1 and 3), attitudinal dimension (Class 1) and imaging and evaluative dimensions. We have analyzed that the implications related to the sexual health of women experiencing endometriosis are through the prominence of gender inequality and that infertility is anchored to a cultural and social value because pregnancy is the representation of being female and normal functioning of the body female. We conclude that the expectations that women create about the future are based on religiosity and faith. In the development of this study, perspectives emerged for a new understanding regarding women living with endometriosis, and this generated the possibility of rethinking the performance and practice of gynecological nursing care.
Esta investigación tuvo como objeto las representaciones sociales de la endometriosis a partir de las mujeres que vivencian esa situación y utilizó como referencial teórico a las Representaciones Sociales, teoría según Serge Moscovici.