Fadiga no pós-parto: Da validação de um instrumento à análise de fatores associados

Publication year: 2019

Introdução:

A fadiga é um fenómeno vivenciado pelos seres humanos em geral e ao longo do ciclo vital. No ciclo vital da mulher, o período pós-parto é propício ao desenvolvimento da fadiga, sendo um dos fenómenos mais comuns e angustiantes no pós-parto e em que a intensidade e duração têm uma relação diretamente proporcional com a saúde (Doering & Durfor, 2011).

Objetivos:

efetuar a tradução, a adaptação cultural e a validação do Fatigue Symptom Checklist (FSC) para a população portuguesa; descrever a fadiga em mulheres entre os dois e seis meses do pós-parto.

Metodologia:

estudo quantitativo, descritivo-correlacional, e do tipo metodológico, permitindo o processo de tradução, adaptação cultural e validação de um instrumento; desenvolvido a partir de uma amostra não probabilística em bola de neve, constituída por 180 puérperas, através de uma recolha de dados via online, após consentimento informado das próprias e o parecer favorável da Comissão de Ética. Questionário de autopreenchimento composto por questões sociodemográficas e obstétricas e pelas escalas Lista de Sintomas da Fadiga (em validação) e a versão portuguesa da Fatigue Assessment Scale (FAS).

Análise estatística descritiva utilizada:

frequências absolutas e relativas, média, desvio-padrão e análise inferencial, após teste de aderência a normalidade, com os testes não paramétricos (coeficiente Ró de Spearman, e testes Mann-Witney e Kruskal-Wallis), através do programa estatístico SPSS, versão 23.0.

Resultados:

A avaliação das propriedades psicométricas do instrumento em estudo foi realizada através de análise fatorial, da validade convergente (com a FAS versão portuguesa) e da análise inferencial. Usando a análise fatorial, compreendemos que a versão reduzida apresentava resultados satisfatórios; obtivemos 2 fatores: fadiga mental e física, com um total de 10 itens, representando 46,931% da variância total. A validade convergente, entre a versão reduzida e a FAS demonstrou-se estatisticamente significativa, sendo ambas capazes de avaliar a fadiga. Da confiabilidade, obtivemos uma consistência interna razoável, através do alfa de Cronbach (0,777), sem necessidade de exclusão de nenhum item. Pela análise inferencial, apenas a variável horas de sono/descanso teve uma correlação negativa estatisticamente significativa com a fadiga.

Conclusão:

a Versão Reduzida da Fadiga Pós-parto da FSC é um instrumento que permite avaliar a fadiga na população-alvo em causa, revelando boas propriedades psicométricas e tornando-se uma ferramenta útil e fácil de usar pelos profissionais.