A efetividade dos cuidados de enfermagem de reabilitação na independência funcional da pessoa internada num hospital da região centro

Publication year: 2019

Em Portugal, o envelhecimento da população tem contribuído para uma maior dependência de cuidados nos serviços de saúde. Quando uma pessoa é hospitalizada num serviço de internamento, a sua independência funcional pode ficar comprometida, dado que para além da doença e comorbilidades, existem fatores que condicionam o seu estado funcional. Neste sentido, torna-se essencial determinar se a presença e a intervenção de um enfermeiro de reabilitação nos serviços de internamento, corrobora para a melhoria na independência funcional das pessoas internadas em termos de atividades de vida diária (AVD). Desta forma, foi efetuado um estudo para determinar a efetividade dos cuidados de enfermagem de reabilitação que tem como objetivos: avaliar a evolução na independência funcional da pessoa internada, em termos de AVD entre a admissão e a alta e determinar se nos serviços de internamento onde existe enfermeiro de reabilitação os resultados são melhores no que respeita à independência funcional e às AVD. Estudo quantitativo, do tipo descritivo-correlacional e longitudinal, que avalia as pessoas em dois momentos distintos, admissão e alta hospitalar. A amostra foi de 430 pessoas internadas nos serviços de medicina, cirurgia, pneumologia e ortopedia num hospital da região centro, entre abril e junho de 2018, tendo sido utilizado na recolha de dados o interRai (AC) PT, validado para a população portuguesa por Amaral, Ferreira & Gray em 2014. Na recolha de dados também foi utilizada uma grelha construída pelo investigador com as intervenções de enfermagem de reabilitação, que foi respondida pelos enfermeiros dos serviços, conseguindo-se uma amostra com 87 participantes. Os resultados obtidos foram que das 430 pessoas que compõem a amostra, 51,9% são do sexo masculino (n=223) e 48,1% são do sexo feminino (n=207). Em termos de AVD e AIVD através da aplicação do teste de Wilcoxon, verificou-se a existência de diferenças estatisticamente significativas entre a admissão e a alta, que nos indicam que as pessoas são mais independentes em termos funcionais na admissão do que na alta. Com o teste qui-quadrado de Pearson verificámos que o resultado obtido na evolução da escala hierárquica das atividades de vida diária não é independente do facto de existir ou não enfermeiro de reabilitação no serviço. Na amostra que foi respondida por 87 enfermeiros, verificámos que há intervenções de reabilitação no âmbito da reeducação funcional motora e respiratória que são realizadas por enfermeiros e por enfermeiros com a especialidade de enfermagem de reabilitação e que apenas um serviço tem enfermeiro de reabilitação a exercer competências na área em tempo integral. Como conclusão, parece-nos ser importante que os serviços de internamento tenham pelo menos um enfermeiro com a especialidade de reabilitação que intervenha junto da pessoa por forma a manter a sua independência funcional entre a admissão e a alta.