Expectativas e (in)satisfação das mulheres com a assistência ao parto normal hospitalar: perspectivas para a qualidade
Publication year: 2021
Esta pesquisa objetivou descrever as expectativas sobre a assistência ao parto normal hospitalar e analisar a satisfação e a insatisfação quanto à assistência recebida no parto normal hospitalar na perspectiva de puérperas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória realizada através de entrevistas individuais e roteiro semiestruturado realizadas de outubro de 2018 a janeiro de 2019 após aprovação pelo comitê de Ética em Pesquisa e aquiescência da maternidade. Participaram trinta puérperas classificadas como risco habitual, cujo parto foi assistido por enfermeiras obstétricas ou médicas obstetras em uma maternidade municipal do Rio de Janeiro, Brasil. A abordagem dos resultados ocorreu através da análise de conteúdo temático à luz dos padrões da qualidade da Organização Mundial da Saúde. Os resultados evidenciaram o predomínio de expectativas convergentes aos padrões da qualidade relacionados à experiência do cuidado. Almejaram profissionais competentes, com postura favorável ao protagonismo da parturiente com comunicação eficaz, respeito, assistência digna com disponibilidade de recursos humanos e materiais e a presença de um acompanhante de sua escolha, definiram o evento parturitivo como fisiológico, natural e marcante. Frente à persistência do paradigma tecnocrático e ao contexto de crise no sistema de saúde, relataram apreensão e insegurança quanto à iminência de desrespeito e violência. A satisfação na assistência ao parto predominou nos relatos, descritos pela comunicação respeitosa que possibilitou autonomia e protagonismo. Igualmente, a privacidade e a atenção às necessidades individuais foram identificadas como atributos que contribuíram para o bem-estar, percepção de segurança acolhimento e tranquilidade. As tecnologias leves e não invasivas, incluindo o suporte emocional promovido pelos profissionais de saúde e pelo acompanhante foram apontados como métodos que promoveram conforto, alívio da dor, autonomia e empoderamento. A enfermeira obstétrica foi reconhecida como importante para a satisfação, alicerçada no cuidado centrado na parturiente, benéfico ao transcurso fisiológico do processo parturitivo, convergentes ao atendimento de alta qualidade. Em paralelo, vivências de insatisfação foram atribuídas à postura profissional verticalizada, impessoal, segmentada e hostil, resultando na percepção de desassistência, negligência, tensão, preocupação e abandono. As limitações dos recursos materiais e humanos, assim como a ausência de suporte emocional, foram apontadas como influentes nas condições indignas, precárias e desfavoráveis. A imposição de posições e condutas, como a infusão de ocitocina intravenosa e a posição litotômica ocasionaram desconforto, sensação de sofrimento e fragilidade. Esta pesquisa contribuiu para elucidar elementos potencializadores para uma assistência satisfatória às parturientes. Características do paradigma tecnocrático foram rejeitadas e influenciaram nas insatisfatórias, demandando o enfrentamento e superação desse problema.
This research aimed to describe women’s expectations of normal hospital childbirth care and to analyse satisfaction and dissatisfaction with the care received at normal hospital childbirth. This is a qualitative, descriptive, and exploratory survey conducted by means of individual interviews and a semi-structured script with the participation of thirty women classified as of habitual risk whose delivery was assisted by obstetric nurses or obstetricians in a municipal maternity ward in Rio de Janeiro, Brazil. The research was started after approval by the Ethics in Research Committee and acquiescence of the maternity ward. The approach to the results occurred through the analysis of thematic content in light of the quality standards of the World Health Organization. The results showed the predominance of expectations for normal childbirth care provided by empathetic professionals with technical and scientific competence. The women desired an appropriate professional posture of effective communication, respect, preservation of dignity and the maintenance of the presence of a companion of their choice. They defined labour and delivery as a physiological, singular and remarkable event which takes place primarily without the need for intervention. They considered the availability of human and material resources converging to quality standards related to the experience of care indispensable. Some childbearing women expressed low expectations due to apprehension and insecurity about the imminence of disrespect and violence in the face of the persistence of the technocratic paradigm and the context of crisis in the health system. The experiences presented characteristics of a hybrid and transitional model of care with predominance of satisfaction reports, in line with standards of quality improvement, since, from the perspective of these participants, the clear communication established by professionals enabled integration and involvement in childbirth. Similarly, respect for privacy and individual needs was identified as an attribute that contributed to well-being in a welcoming and safe environment with reduced anxiety. Non-invasive obstetric nursing technologies, including emotional support promoted by health professionals and caregivers, were identified as methods that promoted comfort, pain relief, autonomy, empowerment, and privacy. The obstetric nurse was recognized as important for satisfaction, based on respectful care and centred on the parturient, beneficial to the physiological course of the parturition process. From the perspective of the care experienced, the results were convergent to the requirements for high quality care. At the same time, experiences of dissatisfaction caused by the verticalized, impersonal, segmented, and hostile professional relationship resulted in the perception of withdrawal, neglect, tension, concern and the impossibility of decision and choice. The limitations of material and human resources, as well as the absence of emotional support were pointed out as influential in the unworthy, precarious, and unfavourable conditions. The imposition of medical positions and conducts, such as intravenous oxytocin infusion and the lithotomic position caused discomfort, fragility, and a feeling of suffering. This research has helped to elucidate the potential for desirable outcomes for women in labour, with a view on improving the quality of normal hospital childbirth care. The characteristics of the medicalized paradigm proved to be rejected and unsatisfactory, demanding the confrontation with the perpetuation of violence and the overcoming of this problem.
Esta pesquisa tuvo como objetivo describir las expectativas das mujeres sobre la asistencia al parto normal hospitalario y analizar la satisfacción y la insatisfacción por la asistencia recibida en el parto normal hospitalario. Esta es una investigación cualitativa, descriptiva y exploratoria realizada por medio de entrevistas individuales y guion semiestructurado con participación de treinta puérperas clasificadas como risco habitual, cuyo parto fue asistido por enfermeras obstétricas o médicos obstetras en una maternidad municipal de Rio de Janeiro, Brasil. Iniciada después de la aprobación de la comisión de Ética en Investigación e autorización de la maternidad. El abordaje de los resultados fue hecha a través del análisis de contenido temático a la luz de los padrones de cualidad de la Organización Mundial de la Salud. Los resultados evidenciaran el predominio de expectativas por una asistencia al parto normal prestada por profesionales empáticos, con competencia técnica y científica. Deseaban postura profesional apropiada a la comunicación eficaz, respeto, preservación de la dignidad y manutención de la presencia de un acompañante de su escoja. Definieran el trabajo de parto y el parto como evento fisiológico, singular y marcante que transcurre prioritariamente sin necesidad de intervenciones. Consideraran indispensable la disponibilidad de recursos humanos y materiales convergentes a los padrones de cualidad relacionados a la experiencia del cuidado. Algunas puérperas manifestaran bajas expectativas por la aprehensión e inseguridad por la inminencia de desprecio y violencia frente a la persistencia del paradigma tecnocrático y el contexto de crisis en el sistema de salud. Las experiencias presentaran características de un modelo híbrido y en transición de la asistencia con predominio de relatos de satisfacción, consonantes a los padrones de mejoría de la cualidad, ya que, en la perspectiva de esas participantes, la comunicación clara establecida por los profesionales posibilitó a la integración y el involucramiento en el parto. Igualmente, el respeto a la privacidad y a las necesidades individuales fue identificado como atributo que contribuyó al bienestar en ambiente acogedor y seguro con reducción de la ansiedad. Las tecnologías no invasivas de enfermería obstétrica, incluyend el suporte emocional promovido por los profesionales de salud y por el acompañante fueran apuntados como métodos que promovieran conforto, alivio del dolor, autonomía, empoderamiento y privacidad. La enfermera obstétrica fue reconocida como importante para la satisfacción, basada en el cuidado respetoso y centrado en la parturiente, benéfico al transcurso fisiológico del proceso del parto. En la perspectiva de la asistencia vivenciada, los resultados fueran convergentes a los requisitos para la atención de alta calidad. En paralelo, vivencias de insatisfacción causada por la relación profesional verticalizada, impersonal, segmentada y hostil resultaran en la percepción de desasistencia, negligencia, tensión, preocupación e imposibilidad de decisión y escoja. Las limitaciones de los recursos materiales y humanos, así como la ausencia de suporte emocional fueran apuntados como influentes en las condiciones indignas, precarias y desfavorables. La imposición de posiciones y condutas médicas, como la infusión de oxitocina intravenosa y la posición litotómica ocasionaran incomodidad, fragilidad y sensación de sufrimiento. Esta investigación contribuyó para elucidar elementos potenciadores para resultados deseables por las parturientes, en dirección a la mejoría de la cualidad de la asistencia al parto normal hospitalario. Las características del paradigma medicalizado se demostraran rechazadas e insatisfactorias, demandando el enfrentamiento de la perpetuación de la violencia y la superación de ese problema.