Estudo comparativo de três tipos de andarilho em idosos institucionalizados: Desafios para enfermagem de reabilitação
Publication year: 2019
O envelhecimento está associado a problemas agudos e crónicos, que podem afetar a mobilidade e independência da pessoa idosa nos autocuidados, pela deterioração dos sistemas que contribuem para o controlo do equilíbrio e marcha. Existem no mercado diversos tipos de andarilho com caraterísticas diferentes em termos de utilização e segurança, que devem ser adequadamente prescritos, consoante a capacidade funcional e cognitiva do utilizador, para prevenir limitações na mobilidade e episódios de queda. Este estudo pretende comparar o perfil do desempenho, funcionalidade e satisfação proporcionado pelos três andarilhos nas dimensões fixo, duas rodas e quatro rodas em pessoas idosas institucionalizadas, tendo em vista o uso de andarilhos seguros e fiáveis, que melhorem a segurança do utilizador. Desenvolveu-se, assim, um estudo quase experimental antes e após, de grupo único, em idosos institucionalizados, com a implementação de um protocolo de investigação. A amostra não aleatória por acidente é constituída por 40 idosos institucionalizados em 5 lares da área de Coimbra, com uso prévio de andarilho, entre abril e maio de 2018. Os dados foram recolhidos na sequência de um protocolo, que incluiu a realização do ?Expanded Timed Up and GoTest? com três tipos de andarilhos, e aplicação de um questionário de caraterização sociodemográfica e clínica, com aplicação de escalas que avaliam a funcionalidade, o medo de cair, a força e resistência dos membros superiores, o tempo, a velocidade da marcha, a frequência cardíaca, o custo energético e o nível de satisfação da pessoa. Nos resultados obtidos não se observam diferenças tanto no custo energético entre os 3 andarilhos (X2 = 2,177; p = 0.337), assim como na frequência cardíaca (X2 = 2,177; p = 0.680). Contudo, observam-se diferenças significativas no tempo (X2 = 15.80; p<0.001) e na velocidade de marcha entre os três tipos de andarilho (X2 = 15.80; p<0.001). Estas diferenças encontradas no tempo evidenciaram-se com o andarilho fixo e o andarilho de duas rodas (Z = -3,18, p <0.001), bem como o tempo entre o andarilho de duas rodas e o andarilho de quatro rodas (Z = -3,01, p <0.003). Na velocidade de marcha, as diferenças verificaram-se entre o andarilho fixo e o andarilho de duas rodas (Z = -2.25, p<0.001), assim como com o andarilho de quatro rodas (Z = - 2.50, p< 0.001). Também se observaram diferenças entre o andarilho de duas rodas e o andarilho de quatro rodas (Z = - 4.22, p< 0.000). Quanto ao custo energético e as diversas variáveis sociodemográficas e clínicas, apenas se encontrou uma correlação negativa significativa entre o custo energético com o andarilho de quatro rodas e o IMC (r = -0.401, p= 0.010), uma correlação positiva significativa entre o custo energético com o andarilho de quatro rodas e o tempo de utilização (r = 0.376, p = 0.010), uma correlação negativa significativa entre o custo energético com o andarilho de duas rodas e o nível escolar (rs = -0.327, p = 0.040), e uma correlação negativa significativa entre o custo energético com o andarilho fixo e a dominância da mão (rpb = -0.327, p = 0.039) e entre o custo energético com o andarilho de quatro rodas e a dominância da mão (rpb = -0.310, p = 0.052). Em relação à satisfação, apenas se observaram diferenças significativas nos itens ?estabilidade e segurança? (X2 = 13.02; p<0.001) e ?facilidade de uso? (X2 = 6.07; p<0.05), nomeadamente na satisfação entre o andarilho fixo e o andarilho de duas rodas (Z = -3.41, p <0.001). Em conclusão, os resultados obtidos podem contribuir para a melhoria dos cuidados de enfermagem de reabilitação à pessoa idosa e da segurança desta na utilização do andarilho, contribuindo para uma prescrição personalizada, realizada e acompanhada por um profissional de saúde especializado, assim como a realização de novos estudos que permitam o desenvolvimento e a inovação destes dispositivos.