Publication year: 2019
Enquadramento:
O Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) é uma das emergências
cardiovasculares mais comuns, com elevadas taxas de mortalidade de morbilidade, e
repercussões a nível individual, social e económico. A reabilitação cardíaca (RC) é uma
das recomendações terapêuticas nas diversas fases pós evento agudo, que devem
iniciar-se o mais precoce possível, nomeadamente na fase 1. Os enfermeiros
especialistas de reabilitação, integrados em equipas interdisciplinares, devem conceber,
implementar, avaliar e reformular programas de RC (PRC) adaptados à especificidade
de cada doente, e a resposta cardiorrespiratória/biofeedback deverá ser
cuidadosamente monitorizada, nomeadamente com recurso a dispositivos médicos.
Contudo, a evidência relativa à utilização específica destes dispositivos na RC, fase 1,
é dispersa e escassa na literatura.
Objetivos:
identificar a melhor evidência e mapear a utilização de dispositivos médicos
em RC, fase 1, de doentes internados após um EAM, suas caraterísticas, os parâmetros
avaliados e monitorizados, e os profissionais de saúde que intervêm nesses programas.
Metodologia:
Realizou-se uma scoping review, com base nos princípios preconizados
pelo Joanna Briggs Institute, com pesquisa eletrónica, no período de dezembro de 2017
a abril de 2018, de artigos em full text nas bases de dados Pubmed, CINHAL, Lilacs,
PEDro, Cochrane, Scopus, Google Scholar e RCAAP, sem limite de tempo, em língua
inglesa e portuguesa, com os seguintes critérios de seleção: todos os estudos com
doentes após EAM, submetidos à reabilitação cardíaca, fase 1, com idade superior a 18
anos, hospitalizados em unidades de internamento de cardiologia. Dois revisores
independentes realizaram a análise de relevância dos artigos, a extração e síntese dos
dados.
Resultados:
Foram incluídos na amostra final 13 estudos, 6 experimentais, 4 descritivos
e 3 revisões sistemáticas da literatura. Os dispositivos médicos mais utilizados foram o
cicloergómetro (3) e o monitor de sinais vitais (3), sem sistema de biofeedback. A
evidência é pouco clara relativamente aos programas RC, nomeadamente em termos
de tipo, intensidade, duração, frequência e progressão de exercícios realizados, embora
a maioria dos estudos inclua exercícios respiratórios. A monitorização de risco
cardiorrespiratório mais referida foi a frequência cardíaca aumentada 30bpm acima da
frequência cardíaca de repouso. Na maioria dos estudos, os PRC foram geridos por
fisioterapeutas em contexto hospitalar, sendo apenas um dos estudos gerido por
enfermeiros.
Conclusão:
Esta scoping review reconhece lacunas em termos de evidência relacionada
com o tipo e características de dispositivos médicos utilizados na avaliação e
monitorização de indicadores de risco cardiorrespiratório, e em programas de exercício
físico, na fase 1, de RC, em doentes internados após um EAM, bem como a sua
associação ao desenvolvimento e inovação tecnológico da atualidade.