Reações à queda do cabelo e estratégias de enfrentamento dos adolescentes com doença oncológica

Publication year: 2019

Enquadramento:

O cancro na adolescência tem um impacte importante no desenvolvimento psicológico e físico, sendo a queda do cabelo induzida pela quimioterapia evidenciada como foco de grande ansiedade e stresse, que pode conduzir a um intenso sofrimento emocional.

Objetivos:

Identificar as reações emocionais à queda do cabelo dos adolescentes com doença oncológica; Identificar as estratégias de coping mais utilizadas para lidarem com esta situação; Identificar as estratégias percecionadas como mais eficazes; Analisar as relações entre as reações emocionais e as estratégias utilizadas; e por fim, Analisar as relações entre variáveis demográficas (sexo; idade); clínicas (modo de perda do cabelo) e as reações emocionais, as estratégias utilizadas e a respetiva eficácia.

Metodologia:

Estudo quantitativo, transversal, descritivo-correlacional, com uma amostra de 30 adolescentes. Os dados foram colhidos através de um questionário constituído por várias partes, nomeadamente, caracterização sociodemográfica e clínica da amostra; escala How big is your problem; instrumento Kidcope e, por último, duas questões complementares de resposta aberta. A colheita de dados decorreu no período entre 5 de maio e 5 de outubro de 2018, e foram analisados no programa informático IBM SPSS, versão 24.

Resultados:

Os resultados evidenciam que a queda do cabelo é avaliada subjetivamente como um problema ?Grande/Urgente?, sendo que a tristeza/choro e o medo/irritabilidade são destacadas como as emoções que melhor descrevem a reação dos adolescentes com doença oncológica relativamente a este. As estratégias de enfrentamento mais utilizadas são a ?Resignação?, a ?Distração?, a ?Reestruturação Cognitiva? e a ?Resolução de Problemas?. No entanto, o ?Apoio Social? constitui a estratégia percecionada como a mais eficaz, pela grande maioria dos adolescentes. Verifica-se a existência de relações entre as reações emocionais e as estratégias utilizadas, assim como, entre as variáveis demográficas (sexo e idade), as reações emocionais e as estratégias utilizadas, não se tendo verificado relação entre a idade e a perceção de eficácia. O modo de perda do cabelo não se evidencia relevante para as reações emocionais, nem para as estratégias utilizadas e perceção da respetiva eficácia.

Conclusão:

O conhecimento das reações à queda do cabelo dos adolescentes com doença oncológica, das estratégias de enfrentamento e da respetiva eficácia das mesmas, é essencial para possibilitar o desenvolvimento de intervenções facilitadoras para o processo de adaptação/transição eficaz destes adolescentes.