Dificuldades dos cuidadores de doentes com primeiro surto psicótico

Publication year: 2018

Em Psiquiatria, é frequente o internamento de jovens com diagnóstico de Primeiro Surto Psicótico. Assiste-se muitas vezes ao drama das famílias e cuidadores, procurando lidar com uma tal realidade inesperada e desconhecida. Tendo por base o conceito de transição formulado por Meleis, considera-se que assistir as pessoas em processos de transição constitui um papel importante no exercício de Enfermagem.

Surgiu assim a seguinte questão de investigação:

- Quais as dificuldades dos cuidadores de jovens com o diagnóstico de Primeiro Surto Psicótico? Com este trabalho pretende-se então caracterizar e identificar as dificuldades dos cuidadores dos doentes com diagnóstico de Primeiro Surto Psicótico do Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar de Leiria. Optou-se por realizar um estudo descritivo transversal, e de base quantitativa. Foi constituída uma amostra de conveniência, de 18 cuidadores e a colheita de dados foi realizada através do Questionário de Problemas Familiares (Xavier et al, 2002). A grande maioria dos cuidadores são mulheres (77,8%) e mães (72,2%), no grupo etário dos 56 aos 65 anos (61,6%), casadas (60%), empregadas (50%) e mantendo o contacto diário com o utente (80%). As principais dificuldades sentidas pelos cuidadores estão relacionadas com as atitudes negativas em relação ao doente, seguidas das que estão relacionadas com a sobrecarga subjectiva e com a sobrecarga objectiva.

Os principais focos de atenção identificados foram:

stress; estigma; crítica; conhecimento da família sobre a doença; comunicação; isolamento social; apoio social; humor; exaustão; culpa; autoestima; coping; sono; autocontrole e burnout (CIPE, 2015). Tendo em vista a definição de um plano de intervenções de enfermagem, estruturadas e direccionadas para as necessidades das famílias de pessoas com o diagnóstico de Primeiro Surto Psicótico, as principais estratégias de intervenção passam pela realização de sessões de educação para a saúde, e de psicoeducação individual ou em grupo, dirigidas aos principais focos de atenção identificados. Assim como, sessões de formação em serviço, de caráter informativo e psicoeducativo, em diversos contextos Hospitalares e Comunitários, como por exemplo: Internamento de Psiquiatria, Urgência, Hospital de Dia de Psiquiatria, Unidade de Cuidados na Comunidade Dr. Arnaldo Sampaio, entre outros.