As vivências da pessoa com fratura da extremidade proximal do fémur na transição para casa
Publication year: 2018
As fraturas da extremidade proximal do fémur (FEPF) têm vindo a aumentar, e são hoje em dia uma importante causa de dependência de terceiros, perda de mobilidade e incapacidade funcional, com grandes repercussões na vida das pessoas e das suas famílias.
Este estudo inscreve-se no domínio da transição para casa da pessoa que sofreu um episódio súbito de FEPF e que foi submetida a tratamento cirúrgico. Pretende-se conhecer as vivências deste processo de transição, a nível do seu impacto, mudanças e desafios de adaptação.
O estudo realizado teve como finalidade contribuir para a expansão do conhecimento sobre as vivências da transição para casa da pessoa com FEPF, obter evidências para a melhoria da qualidade dos cuidados de enfermagem, reunir contributos de apoio à tomada de decisão dos Enfermeiros e promover práticas clínicas favorecedoras de transições bem-sucedidas.
O objetivo central que dirigiu o estudo foi conhecer as vivências da pessoa com FEPF na transição para casa, nomeadamente, compreender como é que os participantes sentem, compreendem, interpretam, experienciam e representam este fenómeno na sua vida, ao nível do seu percurso de reabilitação e desafio de adaptação.
Como objetivos específicos, delineou-se: conhecer como é que a pessoa com FEPF experienciou a vivência da transição para casa, identificando os sentimentos e emoções associados; compreender como é que a pessoa com FEPF experienciou o seu percurso de reabilitação, analisando os sentimentos e emoções vivenciados; compreender o processo de adaptação da pessoa com FEPF na transição para casa e identificando os sentimentos e emoções inerentes.
Foi realizado um estudo de perfil qualitativo, cariz fenomenológico e de caráter exploratório, descritivo e transversal. A seleção dos participantes ocorreu de forma intencional e em bola de neve. Os dados foram colhidos com recurso à entrevista
semiestruturada. A análise dos dados seguiu como fio condutor o método proposto por Giorgi e Sousa (2010).
Os principais achados mostram-nos que, na transição para casa, a pessoa que sofreu FEPF é confrontada com o fenómeno da dependência, representando um momento de grande complexidade e vulnerabilidade. Os participantes foram confrontados com novas exigências no percurso de readaptação à mudança, e necessidade de estratégias de adaptação à sua nova condição de vida, procurando formas de reconstrução de uma nova autonomia.
Estes resultados indicam-nos a necessidade de repensar o modelo de planeamento da transição para casa da pessoa com FEPF, no que respeita à articulação e continuidade dos cuidados de reabilitação, capacitação do cuidador, antecipação de barreiras e dificuldades e maior atenção à multidimensionalidade do fenómeno na implementação de estratégias de Enfermagem potenciadoras de uma transição saudável.