Comportamento suicidários nos adolescentes: Contributos para a validação do Adolescent Suicide Behaviour Questionnaire (ABSQ) para a população portuguesa
Publication year: 2018
O suicídio representa a terceira causa de morte na faixa etária dos 15 aos 34 anos
(DGS, 2013; WHO, 2014; Silveira & Fonte, 2014). Anualmente cerca de 164 mil
adolescentes perdem a vida por suicídio e estima-se que 4 milhões façam tentativas
de suicídio (WHO, 2016).
O Plano Nacional de Prevenção do Suicídio identifica os adolescentes como um grupo
de risco para o suicídio pelo que recomenda a implementação de campanhas de
prevenção do suicídio dirigidas à população em geral e formação de porteiros sociais.
Estas ações preventivas devem promover o aumento da literacia em saúde mental e
comportamentos suicidários, o aumento de conhecimentos acerca de sinais de alarme,
e fatores de risco que permitam o reconhecimento do risco de suicídio e o aumento
das competências para ajudar e a importância do encaminhamento para os serviços
de saúde especializados. Contempla também a formação de profissionais de saúde,
com o objetivo de melhorar as competências de diagnóstico, de avaliação do risco de
suicídio e de intervenção terapêutica. (DGS, 2013).
Devido à inexistência de instrumentos devidamente validados para a população
portuguesa que permitam avaliar os conhecimentos acerca dos comportamentos
suicidários nos adolescentes, foi objetivo do presente estudo contribuir para a
tradução, adaptação e validação do Adolescent Suicide Behaviour Questionnaire
(ASBQ) de Scouller e Smith (2002) para a população portuguesa.
O estudo desenvolvido é de natureza quantitativa, descritivo-correlacional. A amostra
é não probabilística do tipo acidental, e é constituída por 842 portugueses, sendo que
a média de idades é de 35,82 anos e em que 74, 23% são do género feminino.
55,60% dos elementos da amostra responderam corretamente aos itens o que
evidencia um nível de conhecimentos pobre. Foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas entre o ASBQ e as variáveis género, profissão,
formação na área da prevenção do suicídio e contacto prévio com situações de
suicídio. O ASBQ revelou uma consistência interna elevada (α=0,79). A validade de
conteúdo e de construto foi obtida através de um painel de peritos.
Globalmente o ASBQ versão portuguesa tem um comportamento semelhante à sua
validade noutros contextos, pelo que se acredita que a sua aplicação seja fiável para a
população portuguesa.