Impacto de um programa formativo na qualidade de vida e vida sexual da pessoa submetida a artrodese lombar

Publication year: 2017

A lombalgia é um dos principais problemas de saúde no mundo (Hoy et al., 2012) que afeta significativamente a qualidade de vida da pessoa, nomeadamente a vida sexual, mesmo após artrodese lombar. Este estudo visa avaliar o impacto de um programa formativo pré-operatório, realizado à pessoa com lombalgia submetida a artrodese lombar na retoma da sua vida sexual, capacidade funcional, qualidade de vida e dor, e analisar a influência do sexo e idade na eficácia do programa. Realizou-se um estudo quantitativo, longitudinal, quase-experimental, com desenho pré e pós-teste. Incluíram-se doentes adultos submetidos a artrodese lombar, sem alterações cognitivas, e com vida sexual ativa. A todos os doentes foi realizada educação sobre a cirurgia e cuidados pós-cirurgia. No grupo de intervenção abordou-se também a retoma da vida sexual. Aplicou-se um questionário que incluiu a Oswestry Disability Index, cujo item 8 avalia a vida sexual, a Short Form 36 Health Survey Questionnaire e a Escala Visual Analógica da Dor.

Este questionário foi aplicado em três momentos diferentes:

antes da intervenção, no 1º e 3º mês de pós-operatório. Realizou-se uma análise estatística com recurso ao teste U de Mann-Whitney e qui-quadrado, com recurso à regressão linear múltipla, usando o método Stepwise Backward. Os resultados revelam que foram incluídos 268 doentes (Grupo intervenção: 40, Grupo controlo: 228), maioritariamente mulheres (GI=60%, GC=63%). O grupo de intervenção apresentava doentes com menor idade média (56±12 vs 61±12 anos) e pior capacidade funcional em 2 itens da ODI (p<0.05). Após a cirurgia, o grupo de intervenção obteve melhorias mais significativas (p<0.05) do que o grupo de controlo na retoma da vida sexual, na capacidade funcional e na dor (1º e 3º mês). Na qualidade de vida não se verificaram diferenças estatisticamente significativas (p>0.05), apesar dos melhores resultados no grupo de intervenção. As mulheres apresentaram uma redução mais significativa (p<0.05) da dor e da capacidade funcional. A idade não se mostrou estatisticamente significativa. O modelo da regressão linear confirmou a eficácia da ação educativa na melhoria de todas as variáveis analisadas. Em conclusão, o programa formativo mostrou ser eficaz não só na retoma da vida sexual, mas também na melhoria da capacidade funcional e da dor.