Publication year: 2017
O processo de comunicação com a pessoa submetida a ventilação mecânica invasiva acarreta dificuldades à maioria dos enfermeiros. Neste contexto, os enfermeiros tendem a refugiarem-se em todo o aparato técnico e nos conhecimentos técnico-científicos colocando em segundo plano a comunicação.
Estes aspetos justificam a seleção do tema do presente estudo:
?o processo de comunicação entre o enfermeiro e a pessoa submetida a ventilação mecânica invasiva, no contexto de Unidade de Cuidados Intensivos (UCI)?. Neste sentido, desenvolvemos um estudo qualitativo, de natureza exploratório-descritiva, tendo como objetivo geral compreender como se desenvolve o processo de comunicação entre o enfermeiro e a pessoa submetida a ventilação mecânica invasiva, no contexto de uma UCI.
Elegemos como instrumento de recolha de informação a entrevista semi-estruturada, foram realizadas oito entrevistas e os participantes foram enfermeiros que exercem a sua atividade profissional no Serviço de Medicina Intensiva do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) ? Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), Entidade Publica Empresarial (EPE).
A informação obtida foi analisada com o recurso à técnica de análise de conteúdo segundo as fases descritas por Bardin (2014), que permitiu organizar e agrupar a informação em categorias, depois em subcategorias e em indicadores. O processo de análise e codificação teve por base as questões definidas no guião das entrevistas.
Resultaram quatro categorias que são:
O processo de comunicação enfermeiro/pessoa doente; Fatores dificultadores do processo de comunicação; Estratégias mobilizadas pelos enfermeiros no processo de comunicação; A família no processo de comunicação.
Salientam-se as seguintes conclusões: na prática diária os enfermeiros valorizam a comunicação com a pessoa submetida a ventilação mecânica invasiva. O processo de comunicação enfermeiro/pessoa doente no contexto de uma UCI é complexo e constitui-se como uma vertente terapêutica. Os fatores dificultadores do processo de comunicação estão centrados no enfermeiro assim como na pessoa doente. Para efetivar e facilitar o processo de comunicação o enfermeiro mobiliza várias estratégias. Na sua prática cuidativa, de abordagem holística, o enfermeiro procura envolver a família no processo de comunicação. Esta prática permite-lhe por um lado, obter contributos da família para tranquilizar a pessoa doente e para descodificar algumas mensagens da mesma. Por outro lado, permite-lhe cuidar da família da pessoa doente apoiando-a no processo de comunicação e na gestão de emoções.