Publication year: 2018
Enquadramento:
As inúmeras situações emergentes que ocorrem quer no intra, quer no extra-hospitalar, levam a repensar na preparação dos profissionais para fazer face à paragem cardiorrespiratória de forma correta e eficaz. A realização deste estudo advém da necessidade de compreender a relação entre as características do reanimador (peso, idade, massa corporal) e a qualidade das compressões torácicas (ritmo, profundidade e eficácia), sendo este o objetivo e o ponto de partida do estudo. Objetiva-se, assim, verificar de que forma as variáveis independentes e o tempo de reanimação influenciam a prestação dos reanimadores (qualidade de compressões).
Metodologia:
Estudo quantitativo, transversal, descritivo e analítico, numa amostra constituída por 102 estudantes de enfermagem do 2.º ano do curso, sendo 26 (25,5%) estudantes do sexo masculino e 76 (74,5%) do sexo feminino. Foi utilizado o programa Session Viewer SimCenter da Laerdal, para a recolhida de dados. O equipamento utilizado consistiu em 4 simuladores de SBV Resusci Anne QCPR com SimPad Skill Reporter da Laerdal. Após a colheita das variáveis independentes, os participantes foram colocados a fazer compressões contínuas (sem ventilações) durante 6 minutos seguidos.
Resultados:
As variáveis sócio-antropométricas que influenciam a qualidade das compressões torácicas em reanimação cardiopulmonar foram: o sexo, tendo os rapazes feito maior número de compressões, enquanto as raparigas fizeram as descompressões a ritmo adequado e mais compressões em local correto; o IMC, estudantes com baixo peso a dominar nas descompressões a ritmo adequado e mais compressões em local correto; os estudantes com excesso de peso revelam maior número de compressões nos 6 minutos; os estudantes com obesidade grau I revelam melhores prestações na pontuação global nas compressões torácicas.
Ao nível da profundidade das compressões torácicas houve interferência do sexo, sendo os rapazes a dominar as médias de profundidade das compressões torácicas em todas as 3 avaliações e no global; o IMC, com domínio dos estudantes com excesso de peso nas 2 primeiras avaliações; estudantes com obesidade grau I têm melhores médias de profundidade na 3ª avaliação (4-6 minutos) e na avaliação global; os estudantes que não praticam exercício físico regularmente são que os que têm maior média de profundidade na 1ª avaliação (0-2 minutos), mas são os praticantes de atividade física regular que revelam valores médios de profundidade mais elevados nas restantes avaliações e no global.
Os estudantes do género masculino são os que dominam em todas as avaliações e no global, no que concerne à profundidade correta das compressões, com diferenças estatísticas altamente significativas para todas as 3 avaliações e para o global das compressões. Predomínio dos estudantes com excesso de peso em todas as avaliações e no global, quanto à profundidade correta das compressões, com diferenças estatísticas altamente significativas. A média da profundidade das compressões diminui com o passar do tempo, resultando em diferenças estatísticas altamente significativas. Em relação à média do ritmo das compressões, os resultados mostram que a média do ritmo das compressões aumenta com o passar do tempo, com diferenças estatísticas altamente significativas. A percentagem da profundidade correta das compressões também diminui com o passar do tempo, resultando em diferenças estatísticas altamente significativas.
A idade influenciou a descompressão correta nas compressões torácicas, sendo os estudantes com 21 anos de idade os que apresentam valores médios mais elevados em todas as avaliações e no global; o sexo também teve interferência estatística, sendo as raparigas a apresentarem valores mais elevados em todas as avaliações e no global. Relativamente à descompressão correta nas compressões torácicas, a percentagem da descompressão correta nas compressões diminui com o passar do tempo, com diferenças estatísticas altamente significativas.
Conclusão:
É muito importante a capacitação dos estudantes de enfermagem para a intervenção na paragem cardiorrespiratória, requerendo a atualização das condutas e a aquisição e manutenção das habilidades técnicas para a aplicação das manobras de reanimação cardiopulmonar.