Publication year: 2018
Nas duas últimas décadas tem havido uma exponencial preocupação com a segurança do doente, numa perspetiva desta se assumir como uma componente estruturante e uma variável incontornável da crescente exigência de qualidade em saúde. A segurança do doente tem sido o centro das atenções das políticas de saúde e uma prioridade por parte de múltiplos organismos. É fulcral que se aceite a ocorrência de EAs como uma realidade que se conheça os fatores que estão na sua origem, pois só assim se desenvolvem intervenções preventivas promotoras de cuidados de qualidade.
O estudo desenvolvido teve como base os seguintes objetivos:
analisar a perceção dos enfermeiros sobre o cumprimento e as práticas de enfermagem associadas à segurança dos doentes; analisar a perceção dos enfermeiros sobre o risco e a ocorrência dos eventos adversos; analisar a relação entre a perceção dos enfermeiros sobre o cumprimento das práticas de enfermagem associadas à segurança dos doentes e algumas variáveis socioprofissionais; analisar a relação entre a perceção dos enfermeiros sobre a ocorrência/risco de Eas e algumas variáveis socioprofissionais.
Realizou-se um estudo quantitativo, descritivo e correlacional. A colheita de dados foi realizada por questionário aplicado a 87 enfermeiros que exerciam funções num centro hospitalar da região centro, em duas unidades hospitalares diferentes, em serviços de internamento de medicina e cirurgia. O instrumento utilizado foi a escala Eventos Adversos Associados às Práticas de Enfermagem (EAAPE) sendo constituído pela subescala práticas de enfermagem e pela subescala eventos adversos.
Os resultados do estudo revelaram no global os enfermeiros revelam uma boa perceção do cumprimento de práticas de enfermagem preventivas de eventos adversos e, menor perceção de ocorrência/risco de EAs nas dimensões delegação inapropriada, défice de advocacia e erros de medicação. Relativamente à subescala das práticas de enfermagem, a perceção de cumprimento de práticas de enfermagem preventivas está relacionada com a idade, habilitações profissionais, tempo de exercício profissional, tipo de serviço onde desempenham funções e terem ou não frequentado formação acerca de eventos adversos. Na subescala dos EAs verificou-se que a perceção de ocorrência/risco de EAs está relacionada idade, habilitações profissionais e o local onde exercessem funções.