Psicofármacos na Estratégia Saúde da Família: contribuições da enfermagem para a compreensão do consumo e do processo de medicamentalização da vida
Publication year: 2020
O estudo tem como objetivo geral analisar o perfil de utilização de psicofármacos na população assistida pela Estratégia Saúde da Família na área programática 3.3 do município do Rio de Janeiro e, como objetivos específicos, conhecer o contexto socioeconômico dos usuários da área programática 3.3 do município do Rio de Janeiro que fazem uso de psicofármacos, compreender como se dá a assistência prestada pela Estratégia Saúde da Família a essa população, identificar os fatores envolvidos no processo de medicalização da vida, e ressaltar o papel do(a) Enfermeiro(a) junto aos usuários que fazem uso de psicofármacos. Trata-se de uma pesquisa de abordagem quantitativa, de caráter exploratório, realizada nas três unidades da área programática 3.3 do município do Rio de Janeiro, que mais necessitam de reposição de psicofármacos, segundo a coordenação da área programática. A técnica utilizada para o cálculo foi a amostragem estratificada por alocação proporcional, selecionando-se, para a coleta de dados, 13 pacientes na Unidade Básica de Saúde 1, 14 pacientes na Unidade Básica de Saúde 2 e 22 na Unidade Básica de Saúde 3. A coleta de dados foi realizada no período de 22 de maio a 03 de julho de 2020, por meio da aplicação de questionário semi- estruturado. Observou-se maior prevalência do uso de psicofármacos entre mulheres com mais de 60 anos de idade. A maioria dos entrevistados estudaram até o ensino médio e encontravam-se desempregados. Não recebiam nenhum auxílio governamental e contavam com renda inferior a um salário-mínimo. Eram casados e possuíam casa própria, morando acompanhados por uma a duas pessoas. A maioria fazia acompanhamento regular na Estratégia Saúde da Família e considerava não ter acesso a nenhum tipo de lazer. Utilizavam ao menos um psicofármaco diariamente, há mais de 6 anos, para quadros, em sua maioria, de ansiedade e insônia. Grande parte das medicações foi prescrita por especialistas. Os participantes consideraram que o uso desses medicamentos não trazia danos, mas acreditavam que deveriam ser prescritos com mais critérios. Grande parte dos participantes diz nunca ter sido atendido por um enfermeiro. Os participantes não tinham conhecimento suficiente sobre a ação, os riscos e modo de utilização dos psicofármacos prescritos. A maioria deixava o receituário na unidade e depois retornava para buscá-lo renovado, sem passar por atendimento ou avaliação. Sendo assim, entende-se a importância dos psicofármacos no auxílio do sofrimento psíquico, porém o uso racional deve ser refletido pelos usuários, familiares e profissionais de saúde na Estratégia Saúde da Família.
The general objective of the study is to analyse the profile of use of psychiatric drugs in the population assisted by the Family Health Strategy in program area 3.3 in the city of Rio de Janeiro, and, as specific objectives, to know the socioeconomic context of users in program area 3.3 of the city of Rio de Janeiro who use psychotropic drugs, to understand how the assistance provided by the Family Health Strategy is given to this population, to identify the factors involved in the process of the medicalization of life, and to highlight the role of the Nurse in the assistance of users who use psychiatric drugs. This is a research with a quantitative approach, of an exploratory nature, carried out in the three units of the program area 3.3, in the city of Rio de Janeiro, which a greater part need replacement of psychotropic drugs, according to the coordination of the program area. The technique used for the calculation was stratified sampling by proportional allocation, selecting, for data collection, 13 patients at Basic Healthcare Unit 1, 14 patients at Basic Healthcare Unit 2 and 22 at Basic Healthcare Unit 3. Data collection was carried out in the period of May 22 to July 3, 2020, through the application of a semi-structured questionnaire. A higher prevalence of the use of psychiatric drugs was observed among women over 60 years of age. Overall, respondents studied through high school and were unemployed. They did not receive any government aid, and had an income below the minimum wage. They were married and had their own home, living accompanied by one to two people. The greater part regularly followed up at the Family Health Strategy and considered that they did not have access to any type of leisure. They had used at least one psychotropic drug daily, for more than 6 years, mostly for conditions of anxiety and insomnia. Most medications were prescribed by specialists. The participants considered that the use of these drugs does not cause harm, but they believed that they should be prescribed with more criteria. Most participants said that they have never been seen by a nurse. Participants did not have sufficient knowledge about the action, risks and use of the prescribed psychotropic drugs. In general, they left the prescription at the unit and then returned to get it renewed, without undergoing service or evaluation. Thus, while the importance of psychotropic drugs in helping psychological distress is understood, the rational use must be reflected by users, family members and health professionals in the Family Health Strategy.