Investimento corporal na pessoa com ostomia de eliminação urinária
Publication year: 2018
A realização de uma ostomia constitui um evento crítico que condiciona um conjunto de mudanças significativas e abruptas na vida da pessoa, em todas as suas esferas, sentida com uma agressão violenta à identidade, autoestima e imagem corporal. É sabido que o processo de adaptação às alterações da imagem corporal depende das caraterísticas intrínsecas da pessoa, da doença, da parte do corpo envolvida, das limitações que produz e do apoio familiar e profissional. Torna-se pertinente avaliar a perceção de investimento corporal, na medida em que este constitui um instrumento para monitorizar a adaptação às alterações da autoimagem decorrentes da construção de uma ostomia de eliminação urinária. Temos como principal objetivo deste estudo, conhecer o grau de Investimento Corporal da pessoa com ostomia de eliminação urinária e de que forma as variáveis sociodemográficas/clínicas o influenciam no global e quanto à ?proteção corporal?, ao ?cuidado corporal?, ao ?bem-estar no contacto físico? e aos ?sentimentos e atitudes em relação ao corpo?, suas dimensões. Trata-se de um estudo descritivo-correlacional de abordagem quantitativa com uma amostra não probabilística por redes, constituída por 54 indivíduos com ostomia de eliminação urinária definitiva ou provisória e que respondem ao instrumento de recolha de dados. Quanto às variáveis sociodemográficas/clínicas ser homem, ser reformado, ser mais velho, ter menor escolaridade, possuir ostomia há mais tempo, ser portador de ostomia definitiva, não ter acompanhamento profissional e não ter sido submetido à marcação prévia do estoma, constituem-se como fatores potenciadores de scores mais baixos de Investimento Corporal. Verifica-se ainda que são as dimensões ?proteção corporal?, ?cuidado corporal? e ?sentimentos e atitudes em relação ao corpo? que apresentam scores mais elevados sendo que, globalmente, a amostra apresentou um bom grau de investimento corporal. Conclui-se assim que, os indivíduos que apresentam scores mais baixos de investimento corporal no global e nas suas dimensões, poderão considerar-se grupos de maior vulnerabilidade no que concerne ao processo de readaptação, permitindo aos Enfermeiros não só identificar condições de fragilidade, bem como adequar as suas intervenções, impulsionando a transição saudável para a vida com o estoma.