Impacto das intervenções psicoeducativas na capacitação da pessoa com perturbação do uso do álcool
Publication year: 2018
O elevado consumo de álcool constitui uma ameaça à saúde pública, com um impacto social e económico considerável. Neste contexto é importante que os programas de tratamento oferecidos sejam avaliados, no sentido de perceber se estes são eficazes na capacitação do indivíduo com Perturbação do Uso do Álcool (PUA). A evidência demonstra a eficácia da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) no tratamento da PUA. Das técnicas mais utilizadas na TCC destaca-se a intervenção psicoeducativa que consiste na transmissão de informação acerca da doença e consequente impacto.
O objetivo deste estudo visou avaliar o efeito do programa psicoeducativo na capacitação da pessoa com PUA, em regime de internamento numa Unidade Especializada na área da Alcoologia (UEA), relativamente a duas variáveis: os conhecimentos úteis acerca do álcool e a autoestima, consideradas relevantes para a manutenção da abstinência e a prevenção da recaída.
Foi efetuado um estudo de cariz pré-experimental, com avaliação antes e após intervenção, com grupo único. Os instrumentos utilizados foram, o Questionário de avaliação de Conhecimentos úteis acerca do Álcool (QCaA) e a Escala de Autoestima de Rosenberg. A recolha de dados ocorreu entre setembro a novembro de 2017 e a amostra final ficou constituída por 35 participantes com uma média de idades de 49,37 anos. Para a análise inferencial dos dados recorreu-se ao teste de Wilcoxin (amostras emparelhadas). Foi considerada significância estatística para p<0,005.
Dos resultados obtidos verificou-se existir diferenças estatisticamente significativas decorrentes da intervenção na melhoria dos conhecimentos úteis acerca do álcool. Todavia na análise dos resultados item a item dos conhecimentos úteis acerca do álcool, verificou-se que há uma evolução pouco relevante nalguns itens, e noutros até evolução negativa. Relativamente à variável autoestima, os dados obtidos não apresentam resultados com significância estatística, apesar de ter sido evidente uma estabilização e/ou evolução positiva dos scores da variável autoestima, traduzível numa significância clínica.
Salienta-se assim a importância de integrar novos conteúdos relativos aos conhecimentos úteis considerados relevantes para a manutenção da abstinência e prevenção da recaída e, preconizar metodologias interativas e participativas que não só permitam a evolução e consolidação dos conhecimentos, mas também, através do reforço positivo e do elogio, da desculpabilização e da expressão de sentimentos, promover a melhoria da autoestima.