Vivência(s) e significados da sexualidade na pessoa com ostomia de eliminação intestinal

Publication year: 2017

A presença de uma ostomia de eliminação intestinal pode condicionar profundas alterações na vida da pessoa ostomizada a nível físico, psicológico e social. O modo como o/a companheiro/a poderá reagir à presença do estoma é uma situação geradora de grande ansiedade e insegurança. A vivência da sexualidade pode ser afetada, condicionando o relacionamento com o parceiro, pois a grande maioria destes indivíduos não consegue, com facilidade, retomar a sua atividade sexual plena. Assim, emergiu a necessidade de compreender como é vivenciada a sexualidade pela pessoa com ostomia de eliminação intestinal após a cirurgia que originou a ostomia e quais as condicionantes a ela associadas. Tratou-se de um estudo com uma abordagem qualitativa, de cariz exploratório e descritivo. Os dados foram colhidos por entrevista semi-dirigida junto de oito pessoas do sexo masculino com ostomia de eliminação intestinal, selecionados a partir de um conjunto de critérios de inclusão e exclusão. Os dados foram analisados e categorizados através do método de análise de conteúdo.

Emergiram como temas principais na compreensão da vivência da sexualidade da pessoa com ostomia de eliminação intestinal:

conceitos(s) e significados da sexualidade, o vivido, a formação e a rede de apoio, e transições. Evidenciou-se que a sexualidade abrange diversos aspetos, não estando confinada apenas pelo ato sexual em si. Compreende a componente física e aspetos subjetivos ligados ao carinho e amor, perceções e significados intrínsecos da condição humana.

Viver com uma ostomia de eliminação intestinal implica múltiplos sentimentos e alterações na vida da pessoa a diversos níveis ou dimensões:

emocional, física, social e familiar. A formação e a rede de apoio pelos amigos, pares e organizações de referência e principalmente pela companheira revelaram-se elementos essenciais que facilitaram a transição e a adaptação à nova condição. É valorizada a intervenção dos profissionais de saúde, enfermeiro e estomaterapeuta na sua educação terapêutica, elegendo-os como um contributo significativo para a recuperação do seu bem-estar e no retomar da sua sexualidade. O processo de transição é lento e difícil para a pessoa que vive com uma ostomia e verifica-se o fortalecimento da relação de casal.