Publication year: 2017
Os enfermeiros são os elementos da equipa de saúde que mantém uma relação mais próxima com o doente. Por este motivo, são muitas vezes os primeiros a detetar as alterações no seu estado clínico, tomando a cargo as primeiras medidas de intervenção perante uma situação de emergência.
Este estudo visa compreender as vivências dos enfermeiros perante uma situação de emergência num serviço de internamento.
São seus objetivos:
descrever as dificuldades sentidas perante uma situação de emergência; descrever os fatores facilitadores da sua atuação numa situação de emergência e descrever os sentimentos vivenciados perante uma situação de emergência.
Trata-se de um estudo descritivo, inserido numa abordagem qualitativa, em que o instrumento de colheita de dados foi uma entrevista semiestruturada, dirigida a oito enfermeiros da Unidade de Internamento de Curta Duração do Centro Hospitalar de Leiria. Os dados colhidos foram analisados com recurso à técnica de análise de conteúdo.
Da análise dos dados ressaltaram dificuldades que interferem na atuação dos enfermeiros perante uma situação de emergência, entre as quais: défice de conhecimentos, quanto à existência dos recursos e ao funcionamento dos equipamentos; escassez de recursos (humanos e materiais); inexperiência; falta de formação; falta de treino; ineficácia do trabalho de equipa; comunicação ineficaz; estrutura física do serviço; inserção da família (presenta física e comunicação e apoio); tomada de decisão de reanimar ou não reanimar e incumprimento de algoritmos. O apoio do médico, o reconhecimento da situação de emergência, a intervenção atempada, a existência de recursos humanos suficientes, a organização dos recursos materiais, o trabalho de equipa, a experiência profissional, a formação prévia, a comunicação em equipa, a estrutura física facilitadora e a reflexão sobre a ação, emergiram como fatores facilitadores da sua atuação. Além disso, verificou-se que as situações de emergência desencadeiam nos enfermeiros diversos sentimentos, tais como: stress, impotência, satisfação, frustração, ansiedade, medo, tristeza e angústia.
Estes resultados sugerem que é importante implementar, entre outras medidas, estratégias que promovam formação contínua nesta área, incluindo treinos regulares, de forma a possibilitar uma intervenção adequada nestas situações.