Avaliação e registo da dor no serviço de urgência: Que realidade?

Publication year: 2017

A dor é o principal motivo de procura de cuidados de saúde no serviço de urgência, sendo uma realidade com a qual os enfermeiros lidam diariamente. O seu carácter multidimensional e subjetivo transforma-a numa experiência única e particular para cada pessoa. É fulcral, no processo de cuidados, que esta seja sistematicamente avaliada e registada, permitindo uma intervenção precoce e individualizada, tendo como objetivo major a promoção do bem-estar, a continuidade e a qualidade dos cuidados. Este estudo tem como intuito caracterizar a avaliação e o registo da dor, efetuados pelos enfermeiros, às pessoas admitidas com dor num serviço de urgência. Numa abordagem de base documental, com caráter exploratório, descritivo e transversal, foram analisados os registos produzidos por enfermeiros, referentes à dor - 278 episódios de uma urgência médico-cirúrgica, extraídos da plataforma informática Alert® er - através de formulário construído para o efeito, procedendo-se posteriormente à sua análise descritiva. Os episódios analisados resultam dos dados produzidos durante os sete primeiros dias dos meses de agosto, setembro e outubro de 2016, referentes aos casos de triagem com discriminador diretamente relacionado com a dor e posterior atribuição de prioridade laranja. Verificou-se que os principais fluxogramas selecionados foram ?dor torácica? e ?dor lombar? e o discriminador mais frequente foi ?dor severa?, maioritariamente associada a intensidade 7. As características da dor mais registadas foram a ?localização? e a ?intensidade? da dor, tanto na triagem como à posteriori. Constatou-se a existência de reduzido número de registos de reavaliação da dor (n-39), sendo que, quando ocorre, é maioritariamente confinada a um momento e após medida terapêutica farmacológica. Os resultados evidenciam ainda que, apesar do anteriormente exposto, a intensidade da dor foi mais registada do que os restantes sinais vitais. Pretende-se que este estudo possa contribuir para um conhecimento sustentado da realidade e de como é efetivamente avaliada e registada a dor, pois só através do mesmo se pode refletir conscientemente e propor medidas interventivas personalizadas, com vista a uma adequada gestão terapêutica da dor e à maximização da segurança, da qualidade dos cuidados e da qualidade de vida da pessoa com experiência de dor, família e comunidade.