O desenvolvimento de competências na aprendizagem da cateterização venosa periférica
Publication year: 2017
A cateterização venosa periférica (CVP) é executada quotidianamente pelo enfermeiro
exigindo a mobilização de conhecimentos técnico-científicos. Na formação, este
procedimento é apreendido e treinado em contexto de prática-laboratorial com recurso
a simuladores. A simulação surge, de facto, como uma estratégia inovadora e eficaz no
ensino em Enfermagem porque responde às exigências da educação e dos cuidados
de saúde modernos. As evidências científicas internacionais apontam para uma estreita
relação entre o uso da simulação e o desenvolvimento de competências. Em Portugal
são escassos os resultados sobre esta relação e observa-se a necessidade de criar e
validar instrumentos fiáveis para avaliar os resultados da aprendizagem com o uso da
simulação.
Realizou-se uma investigação exploratória e descritiva, do tipo estudo de caso, com
abordagem quantitativa e qualitativa. O objetivo major foi compreender o processo
de ensino e aprendizagem da CVP em contexto de prática-laboratorial com recurso
a uma metodologia mista de ensino que combina a simulação de baixa fidelidade
(braços de borracha) com simuladores virtuais (Simuladores Virtuais I.V.). A amostra
é não-probabilística por conveniência, constituída por estudantes do 1º ano do Curso
de Licenciatura em Enfermagem de uma instituição de ensino em Portugal e docentes
que lecionam a CVP. Foi concebido, implementado e testado um plano pedagógico
integrador desta metodologia mista. Construíram-se, também, instrumentos para validar
a aprendizagem do estudante e para avaliar a sua perceção, assim como a dos docentes,
sobre o uso do simulador virtual I.V. e sobre a integração da metodologia.
A metodologia mista favorece o desenvolvimento das competências psicomotoras,
afetivas e cognitivas na aprendizagem da CVP. Docentes e estudantes apresentaram
uma atitude positiva em relação ao simulador virtual I.V.. Afirmaram-no como interativo
e inovador e reconheceram o carácter complementar dos dois dispositivos didáticos.
O plano pedagógico revelou-se válido, exequível e equitativo. No entanto, a sua
implementação exige aos docentes formação sobre o uso do simulador virtual I.V..
Os resultados vão ao encontro das evidências científicas, mas qualquer generalização
exige precaução. Sugere-se a replicação da investigação numa amostra maior ou a
realização de um estudo mais diversificado, que integre outras variáveis e/ou utilize
outros instrumentos de medida e outros simuladores.