Publication year: 2017
A doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) é uma patologia complexa, progressiva, caraterizada por uma limitação do fluxo aéreo que não é totalmente reversível, associada a uma resposta inflamatória crónica nas vias aéreas e pulmões a partículas ou gases nocisos. Tem repercussões nos vários órgãos e sistemas, tornando as pessoas incapacitadas para desempenhar as atividades de vida diária (AVD) (Gonçalves, Ramos, Rocha & Soares, 2013).
Este estudo tem como objetivos:
avaliar o impacto da dispneia e da fadiga nas pessoas com DPOC na realização das AVD; avaliar a relação da dispneia e da fadiga durante a realização das AVD com o índice de massa corporal (IMC) e a oxigenoterapia de longa duração (OLD); analisar o impacto da DPOC na qualidade de vida das pessoas.Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, descritivocorrelacional. A amostra, não probabilística, do tipo acidental ou de conveniência, é constituída por 98 pessoas com diagnóstico de DPOC, seguidas em Consulta Externa de Pneumologia de um Hospital Central. Recorreu-se ao Chronic Obstructive Pulmonary Disease (COPD) Assessement Test (CAT), recomendado pela Direção Geral de Saúde (DGS, 2013) e ao questionário sobre o Estado Funcional Pulmonar e a Dispneia - Modificado (PFSDQ-M), validado para a população portuguesa por Rua (2007). Os principais resultados evidenciam que 90,8% das pessoas com DPOC apresentam dispneia diariamente, predominando em grau moderado durante as AVD (41,8%). Relativamente à fadiga, 85% referem-na como sintoma frequente no quotidiano, sendo a fadiga em grau elevado (42,9%) que prevalece no desempenho das AVD. As pessoas referem menos dispneia e fadiga na execução das AVD que envolvem a participação dos membros superiores, comparativamente às que são desenvolvidas pelos membros inferiores. Verificou-se que há correlação estatisticamente significativa entre o IMC e a dispneia (p = 0,008) e a fadiga (p = 0,008) das pessoas com DPOC na realização das AVD, assim como entre o impacto da doença na qualidade de vida destas pessoas e a dispneia (p < 0,001) e a fadiga (p < 0,001). Não há diferenças estatisticamente significativas entre a OLD e a dispneia e a fadiga das pessoas com DPOC na realização das AVD.
Estes resultados alertam para a necessidade de avaliar sinais e sintomas nas pessoas, de modo a que estes possam ajudar nas decisões terapeuticas. Admitimos que o enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação (EEER), promovendo a funcionalidade das pessoas, pode ter um papel fundamental através da prescriçao de programas educativos e de reabilitação respiratória (RR).