Experiências subjetivas de sofrimento na pessoa com doença pulmonar obstrutiva crónica
Publication year: 2017
Em Portugal, as doenças respiratórias constituem uma das principais causas de morbilidade e mortalidade. No caso da DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica), a sintomatologia desta doença conduz a uma perda progressiva da capacidade da pessoa para desempenhar atividades anteriormente realizadas, o que faz com que esta tenha que encarar a perda de um corpo saudável e ativo e a diminuição da autonomia e independência. Para além das consequências físicas da doença, estas fazem-se acompanhar de alterações a nível do equilíbrio emocional, afetivo e relacional. Assim, a pessoa com DPOC vive o peso de uma doença crónica profundamente incapacitante responsável por um enorme sofrimento e com repercussões a vários níveis.
Desta forma, foi definida como questão de investigação: Qual a perceção da pessoa com DPOC relativamente ao sofrimento causado pela sua situação de saúde? Os objetivos do estudo são descrever a perceção da pessoa com DPOC relativamente ao seu sofrimento, compreender a relação existente entre o nível de sofrimento da pessoa com DPOC e fatores potencialmente influenciadores do mesmo e identificar intervenções de enfermagem que promovam o alívio do sofrimento. Na presente investigação foi desenvolvido um estudo quantitativo, com desenho descritivo-correlacional. A amostra é constituída por 47 pessoas com DPOC apoiadas pela Associação Respira. Os instrumentos de colheita de dados incluíram um Questionário Sociodemográfico e o Inventário de Experiências Subjetivas de Sofrimento na Doença.
Os resultados obtidos permitiram verificar que nesta amostra em particular, os participantes apresentam níveis de sofrimento de média intensidade. Verificou-se a existência de uma correlação estatisticamente significativa entre as variáveis idade e sofrimento socio-relacional. Devem ser desenvolvidos programas de apoio domiciliário a doentes com DPOC, pois sendo esta uma patologia incapacitante, cabe às equipas de saúde contribuir para uma melhor adaptação à situação de doença. Sugerem-se novos estudos sobre esta temática que se centrem nos níveis de sofrimento psicológico, existencial e socio-relacional, visto que até ao momento tem sido dada uma maior atenção à vertente física da doença.