Gestão da farda clínica por enfermeiros: Fatores determinantes e avaliação microbiológica

Publication year: 2017

O enfermeiro deverá intervir no âmbito da gestão dos cuidados que desenvolve, de modo a respeitar a atual evidência científica e otimizar, de forma eficiente, os recursos clínicos. Subsiste a evidência de que a farda utilizada em contexto clínico, enquanto equipamento de proteção individual, sem os devidos cuidados, pode constituir um potencial reservatório e veículo de transmissão de microrganismos. Pretende-se, com esta investigação, compreender a gestão da farda clínica realizada por Enfermeiros em serviços de medicina interna de um hospital da região centro de Portugal, fatores determinantes inerentes e avaliação microbiológica. Trata-se de um estudo de caráter descritivo-correlacional e transversal. A população-alvo correspondeu a todos os enfermeiros que prestam cuidados diretos aos utentes nos serviços supracitados. A recolha de dados decorreu entre 6 de março e 27 de maio de 2017, num total de 50 enfermeiros, com aplicação de 50 questionários e avaliações microbiológicas de 300 amostras referentes às mãos, farda clínica e material clínico de bolso destes profissionais. A análise estatística foi feita com recurso ao programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 22. Relativamente, à gestão da farda clínica por enfermeiros, 84% perspetiva a farda como um equipamento de proteção individual, 56% troca a farda a cada dois turnos, 86% higieniza a sua farda na lavandaria da instituição e 62% utiliza a farda em outros locais para além da unidade de cuidados. Face à avaliação microbiológica, verificou-se a presença de pelo menos uma unidade formadora de colónia em 80% das fardas. Os Staphylococcus coagulase positivos foram as estirpes bacterianas com maior representatividade (44% na zona abdominal e 54% a nível do bolso da farda). Dos Staphylococcus spp. isolados (n=36), 61% foram identificados como Staphylococcus aureus, dos quais 49,8% eram resistentes à meticilina. Verificou-se associação estatisticamente significativa entre a contaminação microbiológica na farda clínica, mãos dos enfermeiros e material clínico de bolso (p = 0,026 e p = 0,006, respetivamente). Emerge a necessidade de elaboração de normas de modo a que os profissionais atuem de forma informada e exista uma sensibilização, consciencialização e responsabilização dos profissionais e figuras de gestão.