Caracterização das pessoas que recorrem à urgência de psiquiatria do serviço de urgências dos Hospitais da Universidade de Coimbra
Publication year: 2017
Este Trabalho, realizado no âmbito do Mestrado em Enfermagem de Saúde Mental e
Psiquiatria, visou fazer a caracterização das pessoas que acorrem em 2012 à Urgência
de Psiquiatria do Serviço de Urgência dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
O estigma e o simbolismo social associados à doença mental são fatores que, aliados
às falhas do SNS a nível assistencial - dificuldade de marcação de consulta, problemas
de acessibilidade aos cuidados saúde especializados, escassez de respostas efetivas
às diferentes necessidades de cuidados de saúde das populações, existência de
problemas na continuidade de cuidados, tal como previsto no PNSM 2007/2016 -
contribuíram para um aumento do número de doentes que acorrem à Urgência de
Psiquiatria (UP).
Após uma breve revisão dos principais conceitos relacionados com a problemática da
Urgência de Psiquiatria, foi feita uma análise das características dos doentes, tendo por
base os registos efetuados pelos enfermeiros sobre os motivos/queixas - Triagem
Manchester - que levaram os doentes a recorrer à UP.
Um dos objetivos deste trabalho foi a caracterização e encaminhamento dos doentes
que acorreram à urgência de psiquiatria dos CHUC - Pólo HUC no ano de 2012, a nível
sociodemográfico, problemas sociais e encaminhamento após observação na UP.
Numa segunda etapa foi feita a identificação dos focos de intervenção dos enfermeiros,
a partir das queixas/motivos que levaram os doentes a recorrer à UP (baseado na
Triagem de Manchester) e nos registos efetuados pelos enfermeiros. Seguida da
caracterização da amostra relativamente à distribuição dos focos de intervenção
segundo o género, as faixas etárias e o encaminhamento.
A amostra em estudo foi constituída por 1201 doentes que acorreram à UP dos HUC
no ano 2012, dos quais 64,20% eram do sexo feminino, com uma predominância na
faixa etária dos 30-63 anos (61,4%), tinham problemas socias (5,83%), a maior parte
teve alta para o domicílio 67.53%, ficaram internados nos HUC (10,91%) e no HSC
(8,91%).
Relativamente aos focos de intervenção dos enfermeiros, a depressão destaca-se em
25, 6 % dos casos, seguida da ansiedade (19.9%), e da tentativa de suicídio (14,4%).
No sexo feminino destaca-se a depressão (30.3%), a ansiedade (23.8%), seguida da
tentativa de suicídio (15.7%). No sexo masculino a depressão é a mais prevalente
(17,2%), seguida do uso de substâncias (15,9%) e da alucinação (13,1%).
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Foi também analisada a distribuição dos focos de intervenção por género, idade e tipo
de encaminhamento após a alta.
A prestação de cuidados neste sector pode ser melhorada, com a intervenção dos
EESMP que pertencem à equipa de enfermagem, nomeadamente no acolhimento,
acompanhamento do doente e família na UP, com uma abordagem centrada na vertente
psicossocial e facilitando o acompanhamento/encaminhamento após alta.