Eficácia das intervenções de exercício físico na prevenção ou redução da pré-fragilidade e fragilidade nos idosos
Publication year: 2017
A fragilidade é um estado de vulnerabilidade de natureza multifatorial, associado ao
envelhecimento, que provoca declínio progressivo em vários domínios do funcionamento
individual e aumenta o risco de desenvolvimento de síndromas geriátricos. Entre as várias
propostas de intervenção dirigidas à prevenção da fragilidade e/ou à redução das suas
consequências, o exercício físico é a intervenção mais estudada pelo seu potencial para
melhorar a condição física dos idosos e, assim, prevenir a evolução da fragilidade. Com
o objetivo de identificar a melhor evidência disponível sobre a eficácia das intervenções
de exercício físico para prevenir ou reduzir a fragilidade nos idosos, realizou-se uma
revisão sistemática da literatura, utilizando a metodologia proposta pelo Joanna Briggs
Institute. Esta revisão incluiu estudos com participantes idosos de idade igual ou superior
a 65 anos, recrutados em qualquer contexto, cuja fragilidade foi avaliada antes e após a
aplicação da intervenção de interesse. As intervenções estudadas baseavam-se em
programas de exercício físico e foram desenvolvidas com o objetivo de prevenção da
progressão da pré-fragilidade e/ou da fragilidade. Os processos de pesquisa, seleção e
avaliação metodológica dos estudos resultaram na identificação de quatro estudos
randomizados controlados. A heterogeneidade dos estudos não permitiu a realização de
meta-análise pelo que os resultados foram descritos de forma narrativa. As evidências
encontradas sugerem que os programas de treino funcional em circuito e de Tai Chi,
aplicados em pequenos grupos, podem ser eficazes para a redução dos marcadores de
fragilidade física em idosos frágeis, residentes na comunidade ou recrutados em contexto
de cuidados de saúde primários. Um programa de exercícios com múltiplos componentes,
também aplicado em grupo, levou à melhoria significativa da força (um dos indicadores
de fragilidade) de idosos frágeis institucionalizados. Por outro lado, um programa de
exercícios no domicílio, bem como um treino computorizado de exercícios efetuado
individualmente e sob supervisão, não resultaram numa mudança significativa dos
indicadores da fragilidade em idosos residentes na comunidade. Concluiu-se que embora
haja evidência dos efeitos benéficos das intervenções de exercício físico efetuado em
grupo nos indicadores da fragilidade, são necessários mais estudos nesta área para tornar
a evidência existente mais generalizável.