Violência nas relações de intimidade entre os adolescentes de Cabo Verde à luz de género e geração

Publication year: 2017

O presente estudo faz parte de uma pesquisa transnacional multicêntrica sobre a violência nas relações de intimidade entre os adolescentes.

Para realização deste estudo partimos da seguinte questão:

Qual é a realidade da violência nas relações de intimidade entre os adolescentes, estudantes de uma escola pública de Cabo Verde? Para responder esta questão traçamos um objetivo geral - Analisar a violência nas relações de intimidade entre adolescentes na perspetiva das categorias género e geração, e dois objetivos específicos: Descrever as caraterísticas da violência nas relações de intimidade entre os adolescentes; Identificar os conhecimentos dos adolescentes cabo-verdianos sobre violência nas relações de intimidade. Trata-se de um estudo do nível descritivo e exploratório e com uma metodologia mista, quantitativa e qualitativa. Amostra foi constituída por 206 adolescentes, maioritariamente do género feminino (61,2%), que frequentavam o 9º ano de uma escola secundaria publica de São Vicente, Cabo Verde. A colheita de dados foi realizada com aplicação de questionários auto preenchidos, com a duração de um tempo letivo (50 minutos). O questionário é composto por quatro partes sendo a primeira a caraterização socio demográfica e académica; a segunda inclui a caraterização das relações afetivo-sexuais; a terceira parte é constituída pelo Inventário de Conflitos nos Relacionamentos de Namoro entre Adolescentes (CADRI); e a quarta parte inclui a Escala de Conhecimento sobre a Violência (CVRI-S). Os resultados obtidos através do CADRI, permitem-nos afirmar que os adolescentes do sexo masculino obtiveram frequências mais elevadas comparativamente às adolescentes nas seguintes subescalas: violência sexual perpetrada, violência relacional perpetrada, violência relacional sofrida, violência emocional perpetrada, violência emocional sofrida, e violência física sofrida. Nas restantes subescalas as adolescentes apresentaram maiores frequências. A autoperceção dos participantes, quanto a serem ser vitimas ou agressores na relação de intimidade recente ou passada verificou-se que os que referem ter sofrido ou infligido violência, assumem que a violência psicológica foi a mais frequente, seguida da violência física e por último a violência sexual. Ainda se constatou que existe uma prevalência de número de adolescentes que confirmam terem sido agressores em relação ao que são vitimas, esta constatação estende a todas as dimensões da natureza da violência.