Promoção da dignidade da pessoa em fim de vida no serviço de urgência
Publication year: 2017
O serviço de urgência está concebido para salvar vidas, pelo que, cuidar de um doente em fim de vida neste contexto, pode levar a problemas relacionados com solidão, falta de privacidade, confidencialidade e dignidade.
O estudo tem como finalidade descrever as características minor e major que na opinião dos
enfermeiros definem o conceito de morrer com dignidade, identificar as intervenções que
implementam e a importância que estas assumem por forma garantir a preservação da
dignidade da pessoa, bem como as dificuldades percecionadas pelos enfermeiros no serviço de urgência.
É um estudo do tipo nível II, exploratório, descritivo-correlacional e transversal. A recolha de
dados foi realizada através da aplicação de um questionário online designado “Promoção da
Dignidade da Pessoa em Fim de Vida no Serviço de Urgência” adaptado do questionário
“Morrer com Dignidade no contexto da prática de Enfermagem em Cuidados Paliativos: Que
ações realizam os enfermeiros para promover o ‘Morrer com Dignidade’?” de Fonseca (2012).
A amostra foi constituída por 102 enfermeiros de um serviço de urgência.
Os resultados obtidos permitem verificar que das 14 características definidoras do conceito
morrer com dignidade, as características consideradas major são “verbalizar alívio da dor”,
“verbalizar conforto físico” e “expressar controlo de sintomas”.
A verificação da validade de constructo através da análise fatorial resultou numa solução de 2
fatores que explicam conjuntamente 68,4% da variância total. As características definidoras
foram agrupadas em dois fatores; “Inventário da Dignidade Social” (Fator 1); “Repertório de
Preservação da Dignidade” e “Preocupações relacionadas com a Doença” (Fator 2).
A atribuição de representatividade às características definidoras do fenómeno no contexto da prática clínica em urgência é estatisticamente significativo para a formação em cuidados
paliativos, tempo de experiência profissional e tempo de exercício profissional em serviço de
urgência, o que confere mais competências clínicas aos enfermeiros com estas características.
As intervenções mais importantes para os enfermeiros na promoção do morrer com dignidade
são “administrar medicação para a dor”, “manter a dignidade e a privacidade”, “posicionar o
doente” e “proteger a confidencialidade”. As dificuldades percecionadas estão relacionadas
com o espaço físico e a filosofia e modelo organizacional do serviço.
Cuidar da pessoa em fim de vida no serviço de urgência é um desafio constante, pelo que os profissionais de saúde necessitam estar conscientes da importância da “conservação da
dignidade” na prática clínica, investindo na formação em cuidados paliativos.