Dificuldades e recursos adaptativos dos pais das crianças e adolescentes submetidos a transplante hepático

Publication year: 2017

Enquadramento:

O processo que envolve o transplante hepático em pediatria e o seu seguimento é muito angustiante para os pais. A progressão clínica por vezes complicada e a imprevisibilidade que a caracteriza são aspetos geradores de stress, desequilíbrio e sobrecarga, com consequências psicoafectivas e repercussões na vida tanto dos pais como das crianças/adolescentes.

Objetivos principais:

Identificar as dificuldades/perturbações adaptativas dos pais das crianças e adolescentes submetidos a transplante hepático, as estratégias de coping utilizadas com mais frequência por estes pais e as suas expectativas face aos cuidados de enfermagem.

Metodologia:

Estudo quantitativo, descritivo-correlacional e transversal, com uma amostra de 45 pais.

Os dados foram colhidos através de um instrumento constituído por quatro partes:

Questionário de variáveis sociodemográficas e clínicas; Inventário de Respostas à Doença nos Filhos; Escala Brief Cope; e Inventário sobre a Perceção da Relação Enfermeiro-Pais de crianças doentes. Os dados foram analisados com recurso ao Statistical Package for the Social Sciences versão 24.

Resultados:

Evidencia-se a “Depressão/Adenomia” e o “Retraimento” como as dificuldades/perturbações adaptativas mais vivenciadas pelos pais. Em termos globais, os pais revelam boa organização e adaptação e baixo nível de perturbação (distress), contudo, cerca de 20% dos pais registam uma adaptação que não ultrapassa o moderado. As estratégias de coping mais utilizadas são o “Coping Ativo”, o “Planear”, a “Aceitação” e a “Reinterpretação Positiva”. Os pais valorizam de forma substantiva e global os cuidados de enfermagem, atribuindo especial relevância aos cuidados centrados em si próprios, particularmente nas dimensões “Comunicação/Informação” e “Relação empática”. Os pais com menos dificuldades/perturbações adaptativas (adaptação positiva) tendem a utilizar estratégias de coping ativas e adequadas e viceversa. As correlações verificadas entre estas duas variáveis as expetativas face aos cuidados de enfermagem são menos relevantes.

Conclusão:

O conhecimento das dificuldades/perturbações adaptativas dos pais das crianças/adolescentes que realizam transplante hepático, das estratégias de coping utilizadas e das expetativas face aos cuidados de enfermagem é importante para permitir a determinação e o desenvolvimento de intervenções com vista a proporcionar a estes pais condições e aptidões de confronto e adaptação.