Acolhimento à família da pessoa internada em cuidados intensivos
Publication year: 2017
A evidência científica tem mostrado que, a presença e participação da família nos
processos que envolvem a intervenção dos profissionais de saúde no cuidado à
pessoa em estado crítico, promove a segurança dos cuidados, a satisfação do doente
e da sua família. Num contexto complexo como o de Cuidados Intensivos é ainda mais
premente a integração da família em todo o processo e durante todo o internamento o
que exige um acolhimento adequado, promotor deste envolvimento. A partir de uma
investigação descritiva e exploratória de abordagem qualitativa, pretendeu-se
conhecer, as conceções dos enfermeiros sobre o acolhimento da família da pessoa
internada na unidade de cuidados intensivos (UCI), a forma como é acolhida e
integrada no processo de cuidados e, compreender as razões subjacentes ao modo de
intervenção dos enfermeiros no acolhimento da família. Os dados foram colhidos por
entrevista semiestruturada a dezassete enfermeiros de uma UCI polivalente.
Os resultados mais relevantes identificados, integram quatro temas e dentro destes
categorias: conceito(s) de acolhimento que se prendem com a finalidade e os
requisitos; práticas em uso que comporta as categorias de como, quem, onde e
quando é realizado o acolhimento; condicionantes ao acolhimento onde foi identificado
o profissional, a equipa / serviço e a organização/instituição; estratégias na realização
do acolhimento que compreende as categorias referentes à (re)organização dos
recursos, normas orientadoras, cultura na unidade e preparação do ambiente.
O acolhimento do familiar é entendido como um processo em que a especial ênfase
está na primeira visita e a principal finalidade é conhecer e tranquilizar a pessoa. É
realizado de forma global e integradora, o familiar é recebido, esclarecido e
acompanhado durante a visita. A carga de trabalho, a escassez de recursos humanos,
o horário das visitas, a organização dos cuidados e da própria unidade constituem
condicionantes à realização de um acolhimento efectivo. São estratégias promotoras
da qualidade do acolhimento, a alteração da política de visita na unidade, ajustes no
planeamento e organização dos cuidados, identificar um enfermeiro de referência para
acolher os familiares e, sensibilização e reflexão em equipa multidisciplinar. A
construção de orientações consensuais, escritas e integradoras do conjunto mínimo de
atributos e requisitos do acolhimento da família a adotar, revelaria coerência,
comunicação mais eficaz e consequentemente um trabalho em equipa multidisciplinar
de qualidade.