Screening e intervenções breves no consumo de risco de álcool num serviço de urgência
Publication year: 2017
O consumo de risco de álcool traduz-se em graves problemas na saúde do indivíduo e
das populações. É a causa de 60 doenças e todos os anos responsável por cerca de 3,3
milhões de mortes prematuras no Mundo inteiro (WHO, 2014). Os utentes admitidos no
Serviço de Urgência (SU), têm 1,5 a 3 vezes maior probabilidade de apresentarem um
episódio excessivo e/ou padrão de consumo de risco de álcool comparativamente à
restante população (Havard, et al., 2008). Os SU são um local com grande potencial
para identificar indivíduos com consumos de álcool de risco (Nilsen et al., 2008),
estudos neste domínio apontam para a eficácia das Intervenções Breves na redução do
consumo de risco de álcool (Havard et al., 2008; Forsythe & Lee, 2012; D’Onofrio, et
al., 2012 e Landy, et al., 2016).
Este estudo pretende avaliar o efeito das Intervenções Breves na redução do consumo de
risco e nocivo de álcool em utentes admitidos num SU.
Foi realizado um estudo pré-experimental, com avaliação antes e após com grupo único.
O instrumento utilizado foi o AUDIT (Alcohol Use Disorder Identification Test) e as
Intervenções Breves foram desenvolvidas em função dos níveis de risco identificados.
A segunda avaliação ocorreu três meses após as intervenções.
Dos 215 utentes admitidos num SU, nove utentes integraram a amostra final (AUDIT-C
com score superior ou igual a quatro no sexo masculino e superior ou igual a cinco no
sexo feminino e homens com idade superior a 65 anos). A média de idades é de 56,44
anos, sendo todos os participantes do sexo masculino.
Dos nove utentes com scores de risco, dois foram triados na zona de baixo risco, seis na
zona de risco e um na zona de consumo nocivo. Quatro utentes admitidos com critérios
de inclusão cumpridos, foram excluídos devido: um porque faleceu de doença súbita
durante a realização do estudo e os restantes três por se encontrarem na zona de
provável dependência, pelo que foram referenciados para a Consulta Externa do
Hospital. No follow-up, três meses após da intervenção inicial, todos estiveram
acessíveis para nova entrevista por telefone. No segundo momento verificámos que
cinco sujeitos se encontravam numa zona de risco I, quatro na zona de risco II e zero na
zona de risco III. A intervenção realizada teve um efeito positivo sobre os participantes,
particularmente na redução da quantidade de bebidas ingeridas e a frequência de
consumos excessivos.
O estudo compreende um número reduzido de sujeitos da amostra pelo que constitui
uma limitação considerável para a generalização dos resultados obtidos. Concluímos
que a estigmatização e a desejabilidade social, assim como as dificuldades estruturais e
organizacionais do SU são fatores importantes a considerar para a realização de estudos
futuros.