Qualidade de vida relacionada à saúde de mulheres em cuidados paliativos em decorrência do câncer do colo do útero avançado
Publication year: 2019
Trata-se de um estudo descritivo, transversal e de abordagem quantitativa com o objetivo geral de avaliar o nível da qualidade de vida relacionada à saúde de mulheres em cuidados paliativos ambulatoriais em decorrência do câncer do colo do útero avançado.
Objetivos específicos:
caracterizar o perfil sociodemográfico e clínico de mulheres em cuidados paliativos ambulatoriais em decorrência do câncer do colo do útero avançado; analisar o nível de qualidade de vida de mulheres em cuidados paliativos ambulatoriais em decorrência do câncer do colo do útero avançado; analisar as relações entre a qualidade de vida relacionada à saúde de mulheres em cuidados paliativos ambulatoriais em decorrência do câncer do colo do útero avançado e as características sociodemográficas, clínicas e sintomas e discutir as contribuições para a prática de enfermagem na perspectiva da promoção da qualidade de vida. Participaram do estudo 60 mulheres com câncer do colo do útero avançado atendidas em um ambulatório de uma unidade hospitalar especializada em cuidados paliativos oncológicos do Rio de Janeiro.Foram aplicados dois instrumentos de coleta de dados:
um referente aos dados sociodemográficos e clínicos e o instrumento de qualidade de vida European Organisation for Research and Treatment of Cancer Quality of Life Questionnare-core 15 PAL (EORTC QLQ-C15-PAL). Os dados foram analisados através de estatística descritiva uni e bivariada no software Stata® versão SE 13.0. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa conforme Resolução 466 de 12 de dezembro de 2012 do Ministério da Saúde, sendo aprovado sob o número 2.929.726. Os resultados apontaram que a maioria das mulheres possuía mais de 51 anos, se autodeclararam pardas ou pretas, sem parceiro, de religião evangélica, com renda familiar de 1 a 2 salários mínimos, ensino fundamental completo ou incompleto, KPS entre 70% a 50% e com doença pélvica avançada associada à metástase. Sangramento transvaginal e leucorreia com odor foram relatados, respectivamente, por 18,3% e 28,3% das mulheres. A prevalência de colostomia foi de 15,0%, nefrostomia 31,7%, fístula vesicovaginal 28,3% e fístula enterovaginal 11,7%. O escore médio de funcionamento físico foi de 52,5 e de 58,1 para funcionamento emocional. O sintoma com maior média (49,4 - carga moderada) foi a dor. A qualidade de vida global apresentou média de 64,7 e não foi encontrada sua associação com as variáveis sociodemográficas. Todos os sintomas apresentaram correlação negativa com o funcionamento físico e emocional, de maneira que escores mais altos de sintomas estavam relacionados a escores mais baixos de funcionamento físico e emocional. A qualidade de vida global apresentou correlação positiva com o funcionamento físico e emocional e negativa com os sintomas, de maneira que os escores mais altos de sintomas estavam relacionados à escores mais baixos de qualidade de vida global. Os resultados apontaram para o diagnóstico situacional da qualidade de vida relacionada à saúde das mulheres com câncer do colo do útero avançado e seus fatores intervenientes contribuindo para a compreensão do fenômeno e para a reflexão sobre as possibilidades de atuação do enfermeiro na perspectiva da promoção da qualidade de vida sob a perspectiva do Modelo de Adaptação de Roy.
The overall objective of this quantitative, descriptive, cross-sectional study was to assess the health-related quality of life of women in ambulatory palliative care as a result of advanced cervical cancer. Its specific objectives were to compile socio-demographic and clinical profiles of women in ambulatory palliative care as a result of advanced cervical cancer; to analyse the health-related quality of life of women in ambulatory palliative care as a result of advanced cervical cancer; to analyse relations between the health-related quality of life of women in ambulatory palliative care as a result of advanced cervical cancer and their socio-demographic and clinical characteristics and their symptoms; and to discuss contributions to related nursing practices directed to fostering quality of life. The study participants were 60 women with advanced cervical cancer attending an outpatient department of a hospital specialising in cancer-related palliative care in Rio de Janeiro. Two data collection instruments were applied, one for socio-demographic and clinical data and the other, the European Organisation for Research and Treatment of Cancer Quality of Life Core Questionnaire 15 PAL (EORTC QLQ-C15-PAL). Data were analysed using univariate and bivariate descriptive statistics assisted by Stata® version SE 13.0 software. The study was approved by the research ethics committee, pursuant to Ministry of Health Resolution 466 of 12 December 2012 (Approval No. 2.929.726). The results indicated that most of the women were more than 51 years of age, declared themselves to be brown or black, of the neo-Pentecostal faith, had no partner, family income of 1 to 2 minimum wages, complete or incomplete upper secondary education, KPS from 70% to 50% and advanced pelvic disease associated with metastasis. Vaginal bleeding and leucorrhoea with odour were reported, respectively, by 18.3% and 28.3% of the women. Prevalence of colostomy was 15.0%, nephrostomy 31.7%, vesicovaginal fistula 28.3% and enterovaginal fistula 11.7%. Mean scores were 52.5 for physical functioning and 58.1 for emotional functioning. The symptom with the highest mean score was pain (49.4 – moderate intensity). Overall quality of life scored a mean 64.7 and no association was found with socio-demographic variables. All symptoms were found to be negatively associated with physical and emotional functioning, so that higher symptom scores correlated with lower physical and emotional functioning scores. Overall quality of life was found to correlate positively with physical and emotional functioning and negatively with symptoms, so that higher symptom scores correlated with lower overall quality of life scores. The findings pointed to a situational diagnosis of health-related quality of life among women with advanced cervical cancer and related intervening factors, and contributed to understanding the phenomenon and to thinking about opportunities for nursing to act so as to foster quality of life from the perspective of the Roy Adaptation Model.