Sentimentos de mudança na prática clínica dos enfermeiros, após formação especializada em enfermagem de reabilitação
Publication year: 2015
Os enfermeiros procuram dar respostas às necessidades reais e potenciais das
pessoas, em matéria de cuidados de enfermagem. A diferença e complexidade das
situações das pessoas a precisar de cuidados de enfermagem requere que a
formação dos técnicos seja cada vez mais especializada. É neste âmbito que os
enfermeiros especialistas em enfermagem de reabilitação podem integrar as equipas
de cuidados como forma de complementaridade nas respostas a dar às pessoas que
necessitam de cuidados de saúde.
Com o presente trabalho pretendemos perceber como a mudança foi sentida pelos
enfermeiros na prática de cuidados, após terem concluído o curso de pós licenciatura
em enfermagem de reabilitação, assim como, perceber quais os sentimentos dos
enfermeiros que integram a equipa sem formação especializada e, ainda, analisar os
sentimentos manifestados por todos os participantes.
O estudo foi desenvolvido segundo uma abordagem qualitativa, tendo por base a
fenomenologia, dado que fomos analisar os sentimentos e vivências dos participantes.
Para a obtenção da informação foi utilizada a entrevista semiestruturada.
Participaram no estudo vinte e oito enfermeiros, dos quais nove eram enfermeiros com
formação especializada em enfermagem de reabilitação e os restantes dezanove eram
enfermeiros das suas equipas sem formação especializada. Todos os enfermeiros
especialistas, que participaram no estudo, desempenhavam funções em contexto da
prática clínica, ao passo que, os outros participantes integraram a equipa de cuidados
antes e após a formação especializada em enfermagem de reabilitação e, por isso,
vivenciaram as possíveis mudanças na prática de cuidados dos colegas.
Emergiram da análise das narrativas dos enfermeiros especialistas de reabilitação
unidades temáticas como mais conhecimento científico em enfermagem, mais
competências relacionais, mais competências reflexivas e competências
especializadas. Ao tema mais conhecimento científico em enfermagem deu significado
os subtemas autonomia, mais responsabilidade, curiosidade científica e consciência
de intervir. A unidade temática competências especializadas foi suportada pelos
subtemas competências para a conceção de cuidados, identificação de necessidades,
intervenção técnica, capacidade antecipatória do risco, medir resultados, gestão dos
cuidados e gestão da unidade de cuidados. Maior capacidade para influenciar os
colegas, capacidade de transmitir e capacitar a família/cuidador e/ou cliente e
competências para integrar colegas foram os subtemas que deram suporte ao
subtema competências relacionais.
Relativamente à análise das entrevistas dos enfermeiros sem formação avançada,
isolou-se temas como mais conhecimento científico em enfermagem, mais
competências relacionais e competências especializadas. A unidade temática mais
conhecimento científico em enfermagem foi suportada pelo subtema mais
responsabilidade. Os subtemas qualidade dos cuidados, conceção dos cuidados,
intervenção técnica, capacidade antecipatória do risco e gestão da unidade dos
cuidados suportaram o tema competências especializadas. O maior poder de escuta
do outro, modelos para a prática de cuidados dos colegas, melhor comunicação
escrita e capacidade para fazer refletir a equipa sobre os cuidados foram os subtemas
que deram sustentabilidade à unidade temática mais competências relacionais.
Verificamos ainda, que emergiram temas comuns aos dois grupos como mais
conhecimento científico em enfermagem, mais competências relacionais e
competências especializadas.