Fatores associados a hábitos tabágicos na gravidez e repercussões no recém-nascido: Estudo de coorte retrospetivo

Publication year: 2015

Problemática:

O tabagismo é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) o principal fator de risco para causas de morte evitável em todo mundo. Verifica-se um aumento da incidência do tabagismo entre mulheres em idade fértil. É consensual que o hábito de fumar na gravidez é nocivo para à saúde materna e fetal.

Objetivos:

Avaliar a prevalência do tabagismo, na mulher, antes e durante a gravidez; analisar a associação entre os hábitos tabágicos na mulher grávida e as variáveis sociodemográficas e obstétricas; comparar o peso de recém-nascidos (RN’s) filhos de mães com hábitos tabágicos e RN´s filhos de mães sem hábitos tabágicos; comparar o índice de APGAR ao 1º e 5º minuto, dos RN´s filhos de mães com hábitos tabágicos e RN´s filhos de mães sem hábitos tabágicos; avaliar a prevalência de mulheres fumadoras que abandonaram esse estilo de vida devido à sua gravidez.

Métodos:

Investigação quantitativa, não experimental, transversal do tipo descritivo-correlacional e de coorte retrospetivo. A amostra, não probabilística por conveniência, é constituída por um total de 215 mulheres, 75 mulheres com hábitos tabágicos e 140 mulheres sem hábitos tabágicos, utentes da Unidade Cuidados Saúde Personalizados Norton de Matos em Coimbra, no período entre 01 de janeiro de 2009 e 31 de dezembro de 2014. Para a recolha dos dados foi feita consulta de dados informatizados no Sistema Apoio Prática de Enfermagem e Sistema de Apoio ao Médico e através de conversa telefónica informal.

Resultados:

Constatou-se que 54,6% das mulheres com hábitos tabágicos, manteve o hábito de fumar durante a gravidez, ainda que tenha havido uma diminuição no número de cigarros fumados. Após o término da gravidez 22,7% das mulheres que fumavam antes da gravidez deixaram de fumar. Não há diferenças estatisticamente significativas em relação ao peso dos RN´s à nascença entre os dois grupos de mulheres, com e sem hábitos tabágicos (p= 0.128) no entanto, constatouse que os RN´s filhos de mães com hábitos tabágicos têm APGAR mais baixo à nascença (p=0.000 e p=0.032).

Conclusão:

Um número significativo de grávidas mantem os hábitos tabágicos durante a gravidez. Quase metade das mulheres deixaram de fumar durante a gravidez, enquanto muitas das restantes diminuíram o consumo tabágico. Um quinto deixou de fumar definitivamente. O Índice de APGAR ao 1º e 5º minuto é mais baixo nos RN’s filhos de mães com hábitos tabágicos