Restrição física da mobilidade no doente internado em neurocirurgia: Que intervenção?
Publication year: 2015
No quotidiano do seu trabalho o enfermeiro é permanentemente confrontado com a necessidade de tomar decisões que afetam de forma direta e/ou indireta o doente/família. Escolher de entre várias hipóteses aquela que no momento, segundo o julgamento clínico parece ser a mais adequada para responder ao problema identificado para atingir os objetivos, pode por vezes constituir um dilema para o enfermeiro, principalmente quando o tema em causa é a aplicação de medidas de restrição física da mobilidade (RFMob).
Com esta dissertação pretendemos, elaborar um guia orientador da tomada de decisão do enfermeiro na aplicação de medidas de RFMob, em doentes internados num serviço de neurocirurgia, de um Hospital Central. Trata-se de um estudo descritivo, na vertente estudo de caso, inserido no paradigma qualitativo. Os dados foram colhidos através da aplicação de um questionário a enfermeiros de um serviço de neurocirurgia e da observação direta dos doentes, com alteração do estado de consciência, sujeitos a medidas de RFMob, no período de 11 de setembro a 31 novembro de 2014.
Os resultados obtidos mostram que as principais razões que levam os enfermeiros em neurocirurgia a recorrer a medidas de RFMob, estão relacionadas com a segurança do doente e dos envolventes, com as respostas que o doente apresenta, nomeadamente o risco de queda, confusão, agitação e a remoção de dispositivos médicos.
Apesar dos enfermeiros conhecerem os riscos da aplicação deste tipo de medidas, os resultados parecem indiciar que os profissionais percecionam os benefícios decorrentes da aplicação destas medidas como superiores aos riscos. Os resultados mostram ainda que os enfermeiros recorrem a medidas alternativas, como a orientação para a realidade, contenção farmacológica, técnicas de comunicação e gestão do ambiente físico antes de aplicar medidas de RFMob, assim como, iniciam a aplicação de medidas pelas menos restritivas, de acordo com a orientação da Direcção Geral da Saúde (DGS).