Capacitar para o cuidado: Perceção do cuidador informal da pessoa com acidente vascular cerebral
Publication year: 2015
O acidente vascular cerebral representa elevada morbilidade, que se traduz em prejuízo motor, mas também em sequelas de caracter cognitivo e comportamental, que abalam profundamente o sistema familiar, traduzindo-se frequentemente na dependência de outro. Assim, a capacitação do cuidador informal enquanto parceiro nos cuidados, deverá ser uma prioridade nas organizações de saúde e o enfermeiro surge como ator principal na satisfação dessa necessidade.
Perante a inquietação despontada após os ensinos realizados ao cuidador informal da pessoa com AVC, em que existe o sentimento partilhado de que o cuidador não parece envolvido, ou que o esforço da equipa não se traduz na efetividade dos cuidados prestados no domicílio, optámos pela realização de um estudo ancorado na metodologia qualitativa, do tipo exploratório-descritivo, cujo objetivo geral foi compreender se os ensinos realizados pelos enfermeiros contribuem, na perspetiva dos cuidadores, para a sua capacitação no cuidado à pessoa com AVC. Assim, os participantes foram intencionalmente selecionados, sendo os cuidadores informais que receberam ensinos programados, realizados pelos enfermeiros responsáveis pelos cuidados à pessoa com AVC num serviço de Medicina. Para a colheita de dados optámos pela entrevista semidirigida que foi realizada após a alta da pessoa, quando os cuidadores já exerciam o papel de cuidador informal. Após a colheita de dados e da análise das entrevistas, emergiram três categorias: Antes da Alta, Pós - alta e Contributos. Deste estudo salientamos que existe a efetiva preocupação por parte dos enfermeiros em contribuir para a capacitação dos cuidadores informais da pessoa com AVC, alertando-o durante o internamento para as necessidades daqueles, realizando os ensinos mediante a disponibilidade do cuidador. Ficou também evidenciado que todos os cuidadores atribuíram importância aos ensinos e a maioria dos cuidadores reconhece-lhes a capacidade de os tornar mais aptos para prestar cuidados ao seu familiar. Todavia também consideram que são insuficientes quer no tempo dedicado à prática, quer no número de vezes que praticam. Também percecionam que são desajustados à realidade do meio ambiente domiciliário. Os ensinos realizados foram direcionados sobretudo para as atividades de vida diárias.