Efeito dos comportamentos de mobilização dos enfermeiros nos resultados organizacionais: Um estudo empírico realizado em contexto hospitalar
Publication year: 2015
As organizações de saúde caracterizam-se por um ambiente profissional altamente
especializado, complexo e de difícil mensuração, onde a estratégia de gestão
organizacional assume um papel fulcral e a gestão de recursos humanos constitui um
grande desafio. O enfermeiro como membro destas organizações deve assumir um
papel ativo relativamente às suas práticas de organização do trabalho, concretamente
em relação aos seus próprios comportamentos de mobilização, tornando-se
fundamental compreender a relação entre as referidas práticas e os resultados
organizacionais. Conduzimos o presente estudo com o objetivo de compreender em
que medida os comportamentos no trabalho dos enfermeiros intervêm nos resultados
organizacionais, nomeadamente na satisfação geral no trabalho e na intenção de
abandonar a profissão e/ou a organização (turnover). Para tal, realizou-se um estudo
quantitativo, segundo uma lógica descritiva e correlacional, onde 338 enfermeiros
(79.2% do género feminino e média de idade de 38.63 anos) responderam a um
questionário sobre comportamentos no trabalho (escala de Tremblay, Rondeau e
Lemelin,1998 e adaptada por Tremblay, Wils e Guay, 2000), sobre a satisfação geral
no trabalho (escala de Brayfield e Rothe, 1951), sobre o turnover (escala de Meyer et
al., 1993) e um questionário sociodemográfico. Os resultados obtidos permitem-nos
concluir que o modelo ajustado dos comportamentos no trabalho explica 20% da
variabilidade da satisfação geral e apenas 3% da variabilidade do turnover. A
satisfação geral no trabalho mostrou ser prevista pela lealdade organizacional e pela
participação na vida cívica, não se mostrando a colaboração um preditor significativo.
Já o turnover, apenas se mostrou previsto negativamente pela lealdade
organizacional, embora com baixa magnitude. Os resultados foram discutidos
atendendo às suas implicações e contributos para as boas práticas e melhoria da
qualidade dos cuidados de enfermagem prestados.