Respostas de emergência à pessoa em situação crítica nas enfermarias do hospital: As práticas, os resultados e as opiniões dos enfermeiros

Publication year: 2014

É consensual que a situação clínica do doente em contexto intra-hospitalar obedece, muitas vezes, a um agravamento progressivo nas horas que antecedem a situação de emergência. Uma intervenção precoce e adequada pode diminuir a mortalidade e a morbilidade destes doentes. Neste sentido, a implementação de Equipas de Emergência Médica Intra-hospitalar torna-se imperativa. Os enfermeiros são o elo fundamental no reconhecimento e deteção de situações que possam comprometer a estabilidade clínica ou até mesmo a vida do doente. O alerta precoce e as intervenções necessárias, devem ter em conta o estado clínico do doente. A ativação da Equipa de Emergência Médica Intra-Hospitalar deve obedecer a critérios padrão e recorrer a sistemas de classificação de doentes que antecipem a falência e previnam a paragem cardio-respiratória. Assim, os objetivos deste estudo são identificar a situação clínica do doente na enfermaria e as intervenções realizadas antes, durante e após a ativação da emergência interna no polo Hospitais da Universidade de Coimbra, e conhecer a opinião dos enfermeiros quanto à sua capacidade de resposta face à pessoa em situação crítica, autoconfiança e recetividade a novas aplicações na área de emergência intra-hospitalar. Trata-se de um estudo de metodologia mista, que compreende informação de natureza quantitativa e qualitativa, através de dois estudos complementares. No estudo I, de caráter exploratório retrospetivo, transversal recorreu-se à análise documental retrospetiva dos processos únicos dos doentes, definindo-se uma amostra aleatória de 60 elementos. No estudo II, do tipo prospetivo, analisou-se a opinião dos enfermeiros das enfermarias, relativa a esta área de intervenção, sendo esta amostra constituída por 245 elementos. Os resultados do estudo I demonstraram através dos dados disponíveis nos registos médicos e de enfermagem, a viabilidade da utilização de escalas de classificação precoce e algoritmos de intervenção para a situação clínica vivenciada pelo doente, assim como, a relevância da ativação precoce da Equipa de Emergência Médica Intra-Hospitalar. No estudo II, a opinião manifestada pelos enfermeiros evidencia níveis tendencialmente baixos de autoconfiança, sentimentos de desamparo e limitação na resposta ao doente em situação crítica, justificadas pela necessidade de enfermeiros com ?mais experiência?, ?maior conhecimento?, ?melhor resposta em paragem cardio-respiratória?, ?metodologia de trabalho comum? e expressando, maioritariamente, a pertinência de integração de um enfermeiro na Equipa de Emergência Médica Intra-Hospitalar e da reestruturação de políticas institucionais neste domínio.