Análise das condições laborais dos enfermeiros hospitalares e a associação com a qualidade de vida no trabalho pós-modernidade
Publication year: 2019
O objetivo desta pesquisa é analisar a associação entre as condições de trabalho do enfermeiro e as repercussões na qualidade de vida no trabalho no contexto hospitalar. A tese que se propõe, é que, as condições de trabalho do enfermeiro no ambiente hospitalar repercutem na qualidade de vida no trabalho no contexto da pós-modernidade, considerando que, o trabalho do enfermeiro, tem sofrido grande influência da política neoliberal e globalizada, levando à precarização das condições e das relações de trabalho, prejudiciais resultados para este cenário e para a qualidade da assistência prestada. A amostra do estudo foi constituída por 145 enfermeiros que atuavam nas unidades assistenciais, trabalhando na Instituição há mais de seis meses, sendo servidores públicos e terceirizados.
Para a coleta de dados foi utilizado um questionário multidimensional que incluía os seguintes módulos:
caracterização sociodemográfica, mensuração das condições de trabalho através do Guia de Avaliação de Riscos no Ambiente de Trabalho, mensuração de qualidade de vida no trabalho através do Instrumento de Qualidade de Vida no Trabalho de Enfermeiros e avaliação do estresse psicossocial no trabalho através da escala Desequilíbrio Esforço-Recompensa. A coleta ocorreu entre agosto de 2017 e agosto de 2018. A pesquisa foi desenvolvida respeitando as diretrizes da Resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. A caracterização da amostra basearam-se em estatísticas descritivas, média, desvio padrão, valores brutos e percentuais. As análises bivariadas tiveram por base o teste do qui-quadrado de Pearson e o cálculo da razão de chance e respectivos intervalos de confiança. O processamento dos dados foi realizado no SPSS versão 23.Resultados:
idade média de 44 anos (DP± 10,8), gênero feminino (82%), casados (57,3%), pós-graduação lato sensu (69%). Média de tempo de trabalho no hospital de estudo de 15 anos (DP± 12,1), média de jornada semanal de 45,2 horas (DP± 14,5), (51%) trabalhavam em mais de uma instituição, (86,2%) eram servidores públicos federais, (54,8%) estavam lotados no serviço diurno, (75,9%) cumpriam carga horária de 30 horas, (41,4%) recebiam entre 6 a 8 salários mínimos. Na associação entre os riscos ocupacionais e a qualidade de vida no trabalho do enfermeiro, o participante com alto risco físico tinha 1,99 vezes mais chances de ter baixa qualidade de vida no trabalho; os que tinham alto risco de acidentes apresentavam 2,82 vezes mais chances de ter baixa qualidade de vida no trabalho e os com risco ergonômico alto, apresentam 3,13 vezes mais chances de ter baixa qualidade de vida no trabalho. Situações de conflito/violência aumentavam as chances de ter baixa qualidade de vida no trabalho em 3,40 vezes. Na associação entre os problemas de saúde referidos como relacionados ao trabalho e qualidade de vida no trabalho do enfermeiro, consumo de medicamentos provocado/agravado pelo trabalho aumentou a chance em 2,31 vezes de ter baixa qualidade de vida no trabalho; transtornos do sono provocados/agravados pelo trabalho aumentou a chance em 3,15 vezes de ter baixa qualidade de vida no trabalho e cefaleia frequente provocada/agravada pelo trabalho aumentou a chance em 1,98 vezes de ter baixa qualidade de vida no trabalho. O enfermeiro com contrato de trabalho precarizado apresentava 2,66 vezes mais chances de ter baixa qualidade de vida no trabalho e os que apresentavam alto desequilíbrio esforço recompensa apresentavam 4,59 vezes mais chances de ter baixa qualidade de vida no trabalho.Conclusões:
ambientes de trabalho não saudáveis favorecem o adoecimento mental e físico dos enfermeiros. O impacto das condições de trabalho na qualidade de vida do trabalho do enfermeiro merece atenção, pois ambientes adequados proporcionam satisfação pessoal e profissional, além de manterem a qualidade da força de trabalho do enfermeiro.
The objective of this research is to analyze the association between nurses’ working conditions and the repercussions on the quality of work life in a hospital context. The thesis proposed is that nurses’ working conditions in hospital environments have an impact on the quality of work life in the context of postmodernity, considering that the nurses’ work has been influenced by neoliberal and globalized politics, leading to the precariousness of working conditions and relations, detrimental results for this scenario and for the quality of care provided. The study sample consisted of 145 nurses who worked in the care units and had been in the institution for more than six months, both public servants and outsourced. A multidimensional survey was used for data collection, including the following modules: sociodemographic characteristics, assessment of working conditions through the Workplace Risks Assessment Guide, assessment of quality of life at work through the instrument Quality of Work Life of Nurses, and evaluation of psychosocial stress in the workplace through the Effort-Reward Imbalance scale. Data collection took place between August 2017 and August 2018. The research was developed respecting the guidelines of Resolution n. 466/2012 of the National Health Council. The characterization of the sample was based on descriptive statistics, mean, standard deviation, gross values and percentages. The bivariate analyses were based on Pearson’s chi-square test and on the calculation of the odds ratio and respective confidence intervals. Data processing was carried out on SPSS version 23.
Results:
mean age of 44 years old (SD± 10.8), females (82%), married (57.3%), lato sensu postgraduate degrees (69%). Mean time of work of 15 years at the hospital under study (SD± 12.1), mean weekly workload of 45.2 hours (SD± 14.5), (51%) worked in more than one institution, (86.2%) were federal public servants, (54.8%) had no spare hours for daytime service, (75.9%) had a workload of 30 hours, (41.4%) received between 6 to 8 minimum wages. In the association between occupational risks and quality of work life for nurses, participants with high physical risks were 1.99 times more likely to have a poor quality of work life; those who were at high risk of accidents were 2.82 times more likely to have low quality of work life, and those with high ergonomic risk presented 3.13 times more chances of having a poor quality of work life. Situations of conflict/violence increased the chances of having a low quality of work life by 3.40 times. Regarding the association between health problems related to work and quality of work life for nurses, the consumption of prescription drugs caused/aggravated by work increased the chance of having a poor quality of work life in 2.31 times; work-provoked sleep disorders increased the odds of having a poor quality of work life by 3.15 times, and frequent headaches caused/aggravated by work increased the odds of having a poor quality of work life in 1.98 times. Nurses with precarious work contracts presented 2.66 times more chances of having a poor quality of work life and those with high reward-effort imbalance presented 4.59 times more chances of having a poor quality of work life.Conclusions:
Unhealthy work environments favor mental and physical illness in nurses. The impact of working conditions on the quality of work life of nurses deserves attention because suitable environments provide personal and professional satisfaction, as well as maintaining the quality of the nurses’ workforce.
El objetivo de este estudio es analizar la relación entre las condiciones de trabajo del enfermero y las repercusiones en la calidad de vida en el trabajo en el contexto hospitalario. La tesis que se propone es que las condiciones de trabajo del enfermero en el ambiente hospitalario repercuten en la calidad de vida en el trabajo en el contexto de la posmodernidad, considerando que el trabajo del enfermero ha sufrido gran influencia de la política neoliberal y globalizada, llevando a la precarización de las condiciones y las relaciones de trabajo, perjudiciales resultados para este escenario y para la calidad de la asistencia prestada. La muestra del estudio fue constituida por 145 enfermeros que se desempeñaban en las unidades asistenciales, trabajando en la institución desde hacía más de seis meses, siendo servidores públicos y tercerizados. Para la recolección de datos, se utilizó un cuestionario multidimensional que incluía los siguientes módulos: caracterización sociodemográfica, medición de las condiciones de trabajo a través de la Guía de Evaluación de Riesgos en el Ambiente de Trabajo, medición de la calidad de vida en el trabajo a través del Instrumento de Calidad de Vida en el Trabajo de Enfermeros y evaluación del estrés psicosocial en el trabajo a través del modelo Desequilibrio Esfuerzo-Recompensa. Los datos fueron recogidos entre agosto de 2017 y agosto de 2018. El estudio fue desarrollado respetando las directrices de la Resolución n.° 466/2012 del Consejo Nacional de Salud. La caracterización de la muestra se basó en estadísticas descriptivas, media, desvío estándar, valores brutos y porcentuales. Los análisis bivariados tuvieron como base la prueba de Chi-cuadrado de Pearson y el cálculo de la razón de chance y respectivos intervalos de confianza. El procesamiento de los datos fue realizado en SPSS versión 23.
Resultados:
edad promedio de 44 años (DE± 10,8), género femenino (82%), casados (57,3%), posgrado lato sensu (69%). Media de tiempo de trabajo en el hospital de estudio de 15 años (DE± 12,1), media de jornada semanal de 45,2 horas (DE± 14,5), (51%) trabajaban en más de una institución, (86,2%) eran servidores públicos federales, (54,8%) estaban asignados al servicio diurno, (75,9%) cumplían una carga horaria de 30 horas, (41,4%) recibían entre 6 y 8 salarios mínimos. En la relación entre los riesgos ocupacionales y la calidad de vida en el trabajo del enfermero, el participante con alto riesgo físico tenía 1,99 veces más chances de tener baja calidad de vida en el trabajo; aquellos que tenían alto riesgo de accidentes presentaban 2,82 veces más chances de tener baja calidad de vida en el trabajo y aquellos con riesgo ergonómico alto presentan 3,13 veces más chances de tener baja calidad de vida en el trabajo. Las situaciones de conflicto/ violencia aumentaban las chances de tener una baja calidad de vida en el trabajo en 3,40 veces. En la conexión entre los problemas de salud referidos como relacionados con el trabajo y la calidad de vida en el trabajo del enfermero, el consumo de medicamentos provocado/ agravado por el trabajo aumentó la chance de tener una baja calidad de vida en el trabajo en 2,31 veces; los trastornos del sueño provocados/ agravados por el trabajo aumentaron la chance de tener una baja calidad de vida en el trabajo en 3,15 veces, y la cefalea frecuente provocada/ agravada por el trabajo aumentó la chance de tener una baja calidad de vida en el trabajo en 1,98 veces. El enfermero con contrato de trabajo precarizado presentaba 2,66 veces más chances de tener una baja calidad de vida en el trabajo y aquellos que presentaban alto desequilibrio esfuerzo-recompensa presentaban 4,59 veces más chances de tener una baja calidad de vida en el trabajo.Conclusiones:
los ambientes de trabajo no saludables favorecen el padecimiento de enfermedades mentales y físicas por parte de los enfermeros. El impacto de las condiciones laborales en la calidad de vida del trabajo del enfermero merece atención, ya que los ambientes adecuados proporcionan satisfacción personal y profesional, además de mantener la calidad de la fuerza de trabajo del enfermero.
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