Declínio funcional e o risco de queda no idoso hospitalizado
Publication year: 2014
Quando o idoso é internado em consequência de uma doença aguda, um conjunto de
fatores vão determinar a sua resposta aos cuidados de saúde, correndo riscos de
iniciar um processo de declínio funcional, com alterações na capacidade de realização
das AVDs e AIVDs. As causas são multifatoriais e cumulativas, destacando-se a idade
avançada, o repouso no leito, a diminuição da mobilidade, e as quedas.
Como objetivos pretendemos analisar os resultados obtidos de declínio funcional, de
risco de queda e determinar a sua associação, em doentes agudos internados nos
serviços de Medicina e Especialidades Médicas do HDFF,EPE.
Desenvolvemos um estudo quantitativo, do tipo descritivo correlacional com medidas
repetidas, numa amostra de 100 idosos com 65 anos ou mais, que foram internados
entre julho e setembro de 2014 nos serviços de Medicina e Especialidades Médicas.
Para a recolha de dados utilizámos uma versão adaptada do InterRai-AC-PT, validada
para a população portuguesa por Amaral, et al. (2014), e a escala de Morse para o
risco de queda, validada para a população portuguesa por Costa ? Dias et al. (2014).
Os dados foram recolhidos após autorização dos autores do instrumento e deferimento
do pedido pelo Conselho de Administração do HDFF,EPE, e aplicados aos idosos, que
participaram de forma esclarecida, livre e voluntária.
Os resultados obtidos na avaliação do estado funcional, para a realização das AVDs e
AIVDs, determinam o aumento do declínio funcional entre o período que antecedeu o
aparecimento da doença, o internamento e a alta, evidenciando-nos também a
existência de diferença no risco de queda nos idosos entre a admissão e a alta, sendo
maior na admissão quando comparado com a alta. De igual forma nos sugerem que
maior declínio está associado a maior risco de queda no momento da alta.
Em conclusão, os resultados observados indicam-nos a necessidade de intervenção
imediata no processo de cuidar, impondo uma avaliação rigorosa do idoso na
admissão, com planificação adequada e avaliação contínua dos cuidados prestados.
Minimizar o impacto das consequências da doença aguda no equilíbrio bio-psico-social
do idoso, contribui para a manutenção da sua autonomia, tendo o EEER um papel
determinante. As suas competências específicas, quer na intervenção direta ao idoso,
como na sua função educativa junto da equipa de enfermagem, podem contribuir para
obtenção de ganhos em saúde nesta área. Sugerimos futuramente a realização de
outros estudos acerca do impacto da intervenção do EEER na prevenção de declínio
funcional e na diminuição do risco de queda em idosos hospitalizados.