Comportamentos da esfera suicidária dos adolescentes da Ilha do Pico
Publication year: 2014
A adolescência corresponde a uma etapa do desenvolvimento do Ser Humano, na
qual ocorrem transformações e mudanças de ordem biológica, fisiológica, psíquica e
social. Nesta fase do desenvolvimento humano, os adolescentes enfrentam muitos
riscos, relacionados com o seu bem-estar físico e mental, como por exemplo, as
perturbações do humor e as tentativas de suicídio. Portanto, alguns jovens têm
dificuldade em lidar com as muitas mudanças a que estão sujeitos de uma só vez, e
podem precisar de ajuda para ultrapassar os acontecimentos inerentes a esse
percurso.
Dada às lacunas existentes em estudos de investigação na área dos comportamentos
suicidários nos Açores, e tendo em conta que os poucos estudos nesta área com
adolescentes portugueses incluem jovens de Portugal Continental, pretende-se com
este trabalho estudar a população adolescente estudante da Ilha do Pico, de modo a
conhecer a realidade atual e planear projetos de intervenção comunitária nesse
âmbito, por forma a dar resposta às necessidades identificadas.
Neste estudo a população-alvo é constituída por 484 de alunos inscritos nas três
escolas Básicas e Secundárias da ilha do Pico e que frequentam os anos do 7º ao 12º,
com idades compreendidas entre os 11 e os 25. O instrumento de colheita de dados é
composto pela aplicação de um questionário composto por uma caraterização
sociodemográfica (idade, sexo e ano de escolaridade) e por alguns instrumentos de
medida validados para a realidade nacional: OMS (CINCO) Índice de bem-estar
(versão de 1998); Escala Toulousiana de Coping; Escala de Auto-Conceito (PiersHarris Children’s Self-Concept Scale 2, Piers & Hertzberg, 2002, Veiga (2006);
Inventário de Depressão de Beck & Steer (BDI-II), 1987, Martins (2000). O
questionário utilizado foi baseado no Projeto +Contigo (Santos et al, 2014), o qual foi
autorizado a sua utilização pela Direção de Serviços de Projetos Educativos até o ano
letivo 2016-2017.
Os resultados mostram níveis elevados de sintomatologia depressiva (36,2%),
merecendo particular atenção a sintomatologia depressiva severa (7,9%),
pensamentos de ideação suicida (15,5%), e cortes deliberados (8,3%).