Stress e saúde em enfermeiros a trabalhar em serviços de saúde mental e psiquiatria

Publication year: 2014

Enquadramento teórico:

A reestruturação e reorganização dos serviços de saúde mental, consignadas no Plano de Ação para a Reestruturação dos Serviços de Saúde Mental em Portugal, têm levado a significativas mudanças na área, com repercussões na vida das pessoas, nomeadamente dos enfermeiros. Estas mudanças bem como as condições em que estes exercem a sua actividade, os desafios que lhe são colocados e a sua formação e experiência leva a diferentes avaliações do stress dado o que para alguns é sentido e descrito como um desafio, exigindo esforço de adaptação e motivação, para outros pode ser ameaçador, fonte de desgaste, tensão e mal-estar. Por outro lado, em Portugal, também não se conhecem as repercussões que estas mudanças têm produzido na saúde destes trabalhadores. Assim, propomo-nos estudar a relação entre o stress e o estado de saúde dos enfermeiros do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) que trabalham nesta área e simultaneamente contribuir para o estudo de validação de escala de stress para enfermeiros de psiquiatria.

Metodologia:

O estudo é do tipo quantitativo, descritivo-correlacional de abordagem transversal. Consideraram-se todos os enfermeiros que trabalham no Serviço de Psiquiatria do CHUC, sendo a amostra final constituída pelos 131 respondentes, correspondendo aos questionários validados.

O instrumento de recolha de dados é constituído por três partes:

caracterização sociodemográfica, Escala de Stress de Devilliers, Carson e Leary (DCL) e avaliação do estado de saúde (SF-36 Versão 2). Foi realizada a tradução, adaptação linguística e semântica e respetiva equivalência de conteúdo da Escala de Stress. Foram tidas em conta todas as considerações éticas inerentes à investigação com pessoas.

Resultados:

Os enfermeiros deste estudo apresentam níveis de stress médios ou moderados, constituindo-se como os maiores fatores de stress os de ordem organizacional e as relações interpessoais dentro da organização. Os enfermeiros da Unidade de Agudos A - Mulheres, apresentam um valor médio de stress mais baixo do que aqueles que trabalham na Unidade de Doentes Residentes Homens. O nível médio de stress dos enfermeiros que possuem a especialidade é também mais baixo do que aquele que é evidenciado pelos que não têm especialidade. O estado de saúde, tanto na componente física como mental, correlaciona-se negativamente com o stress sentido.

Conclusões:

Os enfermeiros que trabalham no Serviço de Saúde Mental e Psiquiatria do CHUC no atual contexto da reorganização e reestruturação dos seus serviços apresentam stress moderado, negativamente correlacionado com a perceção de saúde. A formação especializada é um protetor do stress.